Goianos aumentam procura por vistos no exterior e dupla cidadania

Goianos aumentam procura por vistos no exterior e dupla cidadania

Ao longo dos últimos meses, o número de brasileiros morando em terras estrangeiras passou a aumentar. Os motivos são muitos: desde a promessa de novas oportunidades de vida até a fuga de uma possível situação de instabilidade política e social no País. Em Goiás, a quantidade de pessoas procurando por vistos e/ou dupla cidadania do exterior também está em alta.

A emigração de goianos para o exterior

Amanda Oliveira Matos, de 23 anos, nasceu em Goiânia e está morando em Portugal há três meses. Formada em Jornalismo, ela ainda não encontrou vagas na sua área de atuação. Porém, conseguiu há cerca de um mês e meio um emprego como vendedora em uma loja chinesa. Segundo a goiana, a experiência está sendo incrível.

“Era algo que já estava planejado, eu sair do país. Surgiu a oportunidade no segundo semestre deste ano. O meu motivo maior para vir foi o desejo de fazer o mestrado. Por mais que eu tinha todo o apoio para fazer no Brasil se quisesse, eu tinha muito interesse de fazer um intercâmbio, conhecer uma outra nacionalidade, outra cultura. Então, preferi vir para estudar e trabalhar”, comenta ao DE.

Em Portugal, ela já tem uma base muito bem estabelecida, pois a sua tia mora lá há 16 anos. De acordo com Amanda, a maioria dos imigrantes sofre com um lugar para ficar e manter as contas básicas. Para ela, foi mais fácil nesse quesito. E, como brasileira, está se saindo muito bem, em comparação com as histórias que costuma ouvir de outros compatriotas.

Amanda acredita que muitos se iludem achando que as coisas vão ser mais fáceis, mas a princípio não são. Tudo é questão de tempo e dedicação. E, pela tendência que vem se arrastando nos últimos meses, diversos goianos almejam seguir o mesmo caminho.

Aumento de dupla cidadania e visto

Mariane Stival
Mariane Stival (Foto: Divulgação)

Integrante do Conselho da Academia Brasileira de Direito Internacional e doutora na área, a advogada do escritório Celso Cândido de Souza (CCS), Mariane Stival, notou que a procura por informações sobre cidadania e vistos para outros países dobrou nos últimos três meses em Goiás.

“Normalmente atendemos de 10 a 15 casos por mês, mas nos últimos dois meses, esses números subiram para 20 a 25 casos”, explica ela, que atua na área do Direito Internacional há 18 anos. Além dos Estados Unidos, países europeus como Portugal, França, Itália, Espanha e Alemanha são os destinos mais procurados pelos brasileiros.

Ela percebe que a busca por cidadania é maior do que a busca por vistos, o que indica que os interessados buscam uma maior segurança para uma possível mudança de País. Houve um aumento paulatino na busca por dupla cidadania, seja motivada por melhores oportunidades de trabalho, qualificação profissional, ou para oferecer formação educacional para os filhos.

Até 2020, existiam 4,2 milhões de brasileiros vivendo no exterior, segundo o Ministério das Relações Exteriores (MRE), sendo 1,9 milhão nos Estados Unidos e 1,3 milhão em países da Europa. Em dez anos, o crescimento da comunidade brasileira no exterior foi de 35%.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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