Goianos criam plataforma de ensino para autistas e deficientes intelectuais

O que o Sudoeste goiano tem a oferecer em inovação para o mundo? Não foi exatamente com essa pergunta que o designer Eurico Fernandes, 36 anos, partiu de Quirinópolis rumo à capital do Estado, em junho deste ano, para participar da última edição da Campus Party (CP) Goiás. Mas, ao conhecer no evento a advogada Letícia Carvalho, 30 anos, e a desenvolvedora de sistemas Isabella Castro, 25 anos, ambas de Rio Verde, era inevitável que a resposta a esse questionamento se materializasse. E melhor ainda: mostrasse que o Estado é um celeiro de potências nas áreas de ciência, tecnologia e inovação.

Na maior feira de tecnologia do mundo pela primeira vez, os três se conectaram de forma distinta. Na maratona de negócios do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Eurico e Letícia se juntaram e ganharam o primeiro lugar ao apresentar a proposta de um software na área da educação destinado a pessoas com deficiência visual, auditiva, intelectual e/ou autistas, e que fossem de baixa renda.

“É um aplicativo que visa apoiar a inserção desse público no mercado de trabalho; ele foca na empregabilidade na medida em que atua com habilidades emocionais e sociais, que são alguns dos desafios enfrentados por quem tem o diagnóstico de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)”, detalha Letícia. “Queremos mostrar que as inclusões digital e social devem ser uma realidade para todos; precisamos de um mundo mais empático”, completa Eurico.

Já o designer e Isabella estiveram juntos no Hackathon da Eduplay – plataforma da RNP, uma organização social ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), que reúne mais de 70 mil vídeos relacionados a ensino, pesquisa, saúde e cultura, com acesso gratuito e que permite, também, transmissões ao vivo de eventos e de sinal de tv e rádio.

Ao formar as equipes durante a maratona, a dupla ganhou o reforço dos goianienses Henrique Siqueira Cheim, 26 anos, e Ícaro Alves Brito, 24 anos, ambos desenvolvedores de sistemas, e o quarteto saiu da competição com o primeiro lugar ao propor a versão mobile da Eduplay.

“Vejo que Goiás tem um potencial muito grande na área de ciência e tecnologia”, defende Isabella. “Percebemos também que, além dos empreendedores, os empresários daqui estão buscando produtos e soluções inovadoras para investir”, comemora Eurico.

O desempenho dos goianos na CP Goiás, realizada pela quarta vez por meio de uma parceria entre o governo estadual e o Instituto Campus Party, os levou, como prêmio, à CP paulista. E também lá, novas conquistas se consolidaram.

Rumo aos EUA

Foi próximo às duas principais vias expressas de São Paulo – Marginal Tietê e Avenida Santos Dumont -, no bairro Santana, Zona Norte, que a advogada Letícia e o designer Eurico viram a proposta que criaram em Goiânia ser apreciada também pelo público paulistano. Eles participaram do Hackathon da Microsoft na Campus Party e, com o terceiro lugar conquistado no desafio, carimbaram vaga para a etapa da final brasileira do Imagine Cup.

O Imagine Cup é uma competição anual patrocinada e organizada pela Microsoft que recebe estudantes desenvolvedores de todo o mundo para ajudar a resolver desafios complexos enfrentados pela humanidade. Se o grupo goiano vencer a etapa da final brasileira, prevista para fevereiro de 2023, poderá levar o projeto para conhecimento da equipe da empresa criada por Bill Gates e Paul Allen, que fica em Seattle, nos Estados Unidos.

Já Isabella, Henrique, Ícaro e Eurico participaram do Hackathon da Visa e, com um novo integrante paulista no time, Daniel Briquez, estudante de Ciência da Computação, 21 anos, ficaram na terceira colocação. O projeto deles versava sobre a incorporação da tecnologia para melhorar a experiência dos viajantes, com a concentração de diversos serviços em um único espaço nos aeroportos.

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Ponte TO-MA: Agência irá avaliar qualidade da água de rio após queda de ponte

A Agência Nacional de Águas (ANA) anunciou nesta terça-feira, 24, que está avaliando a qualidade da água no Rio Tocantins, na área onde desabou a ponte Juscelino Kubitschek, entre os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA). Essa medida se justifica devido à informação de que alguns dos caminhões que caíram no rio após a queda da ponte carregavam pesticidas e outros compostos químicos.

O foco das análises está no abastecimento de água a jusante (rio abaixo) a partir do local do acidente. A ANA, em conjunto com a Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão, vai determinar os parâmetros básicos de qualidade da água e coletar amostras para as análises ambulatoriais. O objetivo é detectar os principais princípios ativos dos pesticidas potencialmente lançados na coluna d’água do rio Tocantins.

As notas fiscais dos caminhões envolvidos no desabamento apontam quantidades consideráveis de defensivos agrícolas e ácido sulfúrico na carga dos veículos acidentados. No entanto, ainda não há informações sobre o rompimento efetivo das embalagens, que, em função do acondicionamento da carga, podem ter permanecido intactas.

Devido à natureza tóxica das cargas, no domingo e segunda-feira, 23, não foi possível recorrer ao trabalho dos mergulhadores para as buscas submersas no rio. O Corpo de Bombeiros do Maranhão confirmou nesta terça-feira, 24, a morte de quatro pessoas (três mulheres e um homem) e o desaparecimento, até o momento, de 13 pessoas.

Sala de crise

Na quinta-feira, 26, está prevista a reunião da sala de crise para acompanhamento dos impactos sobre os usos múltiplos da água decorrentes do desabamento da ponte sobre o rio Tocantins. Além da própria ANA, outros órgãos participam da sala de crise, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e o Ministério da Saúde.

O Dnit está com técnicos no local avaliando a situação para descobrir as possíveis causas do acidente. Segundo o órgão, o desabamento foi resultado porque o vão central da ponte cedeu.

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