Última atualização 29/06/2023 | 10:50
O ambiente familiar, seguido da escola e depois do trabalho são os locais onde as pessoas mais sofrem preconceito em razão da sua identidade de gênero e/ou orientação sexual. É o que apontou o Levantamento Situacional da População LGBTQIAPN+ em Goiás, realizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social (Seds), em parceria com as secretarias de Educação (Seduc-GO) e Saúde (SES-GO), com o apoio do Instituto Mauro Borges, e apresentada nesta quarta-feira, 28, Dia do Orgulho LGBTQIAPN+.
A pesquisa, realizada entre outubro de 2021 e julho de 2022, é pioneira no país e ouviu 450 pessoas em todo o estado, que responderam a um formulário on-line. Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Trindade e Alto Paraíso foram os que mais deram retorno das questões.
O gerente da Diversidade Sexual da Seds, Rogério Araújo, que esteve à frente do levantamento e fez a apresentação, destacou que, além de conhecer o perfil desta população, como idade, raça, escolaridade e moradia, esse mapeamento é fundamental para levantar as vulnerabilidades, visando a implementação de políticas públicas eficazes para ao seu atendimento.
Quando perguntado aos pesquisados qual era o seu sexo de nascimento, 48% responderam masculino e 52%, feminino. Já em relação à identidade de gênero, os dados obtidos foram: mulher cisgênero (36,3%), homem cisgênero (42,5%), mulher trans (3,8/%), homem trans (3,5%), pessoa não binária (5,3%), travesti, (0,5%) e outros (8,3%). O termo cisgênero designa o indivíduo que se identifica com o sexo biológico com o qual nasceu. No que se refere à religião, 23,8% se declararam católicos; 18,7% agnóstico; 12% ateu; 9,1% espírita; 8% evangélico; 6% religião de matriz africana e 22,4%, outros.
Rogério Araújo lembrou que uma das realidades mais cruéis vividas pelos LGBTQIAPN+ no Brasil é a violência, já que somos o país com o maior registro de homicídios dessas pessoas no mundo. O estudo identificou que a maior parte da violência sofrida parte de familiares e amigos.
A violência silenciosa, que submete esses indivíduos a sofrimentos diários, também preocupa. “Um adolescente, que apresente uma identidade de gênero ou orientação sexual que não o normatizado pela sociedade, tem cinco vezes mais chance de cometer suicídio”, informou o gerente da Diversidade Sexual.
Titular da Seds, Wellington Matos, ressaltou que o trabalho para mudar essa realidade é um processo diário e contínuo. “Este estudo é mais uma iniciativa que vai contribuir para o mapeamento e criação de mais políticas públicas à população LGBTQIAPN+”, explicou.
Ações em andamento
- Criação do Comitê Estadual de Enfrentamento à LGBTfobia no Estado de Goiás (COMEELG-GO), em 2020.
- Guia eletrônico “Será que fui vítima de LGBTFOBIA?”, com orientações detalhadas às vítimas e como proceder diante de uma violência, e como conseguir atendimento psicológico, jurídico e social pelo Centro de Referência Estadual da Igualdade (Crei).
- Cursos de formação para servidores da Polícia Civil e integrantes do Grupos Especializados no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacris) e de Educação em Direitos Humanos, para professores da Rede Pública Estadual de Ensino, com foco no enfrentamento a LGBTfobia nas escolas públicas estaduais.