O Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Seds), concluiu a capacitação de 25 servidores de seis municípios, para a implementação local de grupos reflexivos voltados a autores de violência doméstica. A formação, denominada Violência de Gênero: Fundamentos e Metodologia para o Atendimento Psicossocial, contou com a participação de assistentes sociais, psicólogos e advogados que lidam com este tipo de crime.
A capacitação faz parte do Pacto Goiano pelo Fim da Violência Contra a Mulher, que integra o Goiás Social. A primeira turma de 2024 teve representantes de Itapuranga, Itaberaí, Abadiânia, Caiapônia, Cidade Ocidental, Cachoeira Alta e Abadia de Goiás. Até o final deste ano, estão previstos outros oito encontros, que vão contemplar 55 municípios no total.
Durante os três dias da capacitação, a equipe do Centro de Referência Estadual da Igualdade (Crei) da Seds ministrou uma programação dividida em três módulos. O primeiro aborda o contexto socio-histórico e cultural da construção do gênero; o segundo é sobre a Lei Maria da Penha, e o terceiro abrange as dinâmicas e metodologia dos atendimentos dos grupos reflexivos. Também são discutidas informações sobre a Rede de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres e o Pacto Goiano pelo Fim da Violência Contra a Mulher.
Os grupos reflexivos são compostos por homens que sofreram sanção penal por agressão a mulheres. Eles são encaminhados por determinação do Judiciário e a participação é obrigatória. O trabalho tem como objetivo proporcionar um ambiente educativo e pedagógico no sentido de acolher e orientar os participantes quanto às suas vivências.
Também trata das perspectivas e desigualdades de gênero, dos contextos gerais de violência, dos problemas relacionados a álcool e drogas, bem como as possíveis saídas para tratamento, além de discutir autoestima e projetos de vida.
A servidora Kelly Maria Ferreira Araújo, da Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres de Cidade Ocidental, destaca que a formação é bem completa, porque, além de abordar tantos temas importantes, fornece protocolos para serem colocados em prática. Ela conta que o seu município já assinou o Pacto Goiano pelo Fim da Violência Contra a Mulher e desenvolve várias ações dentro dele. A assistente social do Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceam) de Itapuranga, Ilana da Silva Fernandes, revelou que a cidade registra cerca de 80 medidas protetivas por mês. “Esses números são muito preocupantes e, assim que voltarmos, já iniciaremos um grupo reflexivo”, afirma.
Titular da Seds, Wellington Matos destaca que esse trabalho é de suma importância para atacar um dos principais componentes da violência doméstica, que é a construção social da violência a partir de um modelo masculino dominador e da imposição de um modelo feminino submisso. “Precisamos desconstruir essa estrutura perversa, que vitima tantas mulheres, penaliza famílias inteiras e deixa marcas em toda a sociedade”, avalia Matos.