Última atualização 08/11/2022 | 18:34
Os próximos meses de dezembro e janeiro devem ser de alta nos casos de covid. A recém-descoberta variante identificada em Manaus, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul indica que haverá uma terceira onda da doença no Brasil. A confirmação ocorreu por meio de sequenciamento genético feito pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O infectologista Marcelo Daher acredita que o curto período entre a identificação e o surto da nova subvariante da ômicron chamada BQ.1 é explicado por uma série de fatores técnicos. Ele lembra que é necessário aumento na velocidade de transmissão, persistência de infecções e dominância no cenário epidemiológico para “ganhar força” e ter uma evolução de casos.
“Ainda não observo aumento de casos. Tivemos uma onda de frio aqui, mas foi muito rápida. Sabemos que a região norte do Brasil se comporta parecido com o hemisfério norte. Normalmente, os quadros de gripe lá ocorrem neste época, coincidindo com o inverno amazônico. Normalmente a covid tem corrido primeiro lá”, frisa.
A chegada da nova cepa é reconhecida pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) como uma ameaça que se tornará realidade em breve. A preocupação é maior com as pessoas não vacinadas e crianças. De acordo com a pasta, somente 15,2% das crianças goianas entre três e quatro anos receberam a primeira dose da vacina, enquanto 5,1% foram imunizadas pela segunda dose.
Novas doses devem chegar em breve para atender a demanda reprimida. Recentemente, milhares de doses foram descartadas por falta de procura dos pais e responsáveis pelos menores. Em 24 horas, houve 4.042 novos casos de covid e 47 óbitos confirmados pelo Ministério da Saúde. A maior parte é em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. A assessoria de imprensa da Unimed em Goiás confirmou à reportagem do Diário do Estado que houve aumento do número de exames positivos para covid.
Marcelo não acredita que a versão atual da doença seja mais grave. Segundo o médico, os relatos de ocorrência na França, com perfil de vacinação semelhante ao braisleito, indicam mais pessoas doentes, mas sem necessidade de muitas intervenções médicas. Nos Estados Unidos, a BQ.1 já é dominante.
“Apesar disso, sempre haverá casos graves por causa dos idosos, que podem exigir internação e chegarem a óbito, mas não com a intensidade da gama e da delta“, salienta Daher.
A provável terceira onda pode ocorrer em menos de um ano de confirmação da segunda, que foi provocada pelas cepas BA.4 e BA.5, atualmente predominantes no Brasil. A primeira ocorreu em dezembro de 2021 pela variante BA.1 da ômicron.