Última atualização 09/03/2023 | 18:06
A fama de patroa delas nunca fez tanto sentido. O número de mulheres empreendedoras teve alta no ano passado e Goiás fica em quarto no ranking nacional, com 36% do total. O patamar chegou a 10,3 milhões no País no terceiro trimestre de 2022. A estatística superou o recorde de até então, registrado em 2016, conforme dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Por trás dos gráficos, há histórias de superação estampadas por rostos marcados por sorrisos. A microempresária Yone Coelho decidiu seguir a própria trajetória profissional quando teve a filha durante a pandemia e queria manter os “luxos”, como ela mesma se refere. A restrição de circulação de pessoas e ao mesmo tempo os supermercados com longas filas a fizeram criar um mercadinho dentro do apartamento onde mora em Aparecida de Goiânia.
“Tenho formação em nível superior e já trabalhei com carteira assinada. Eu queria continuar sendo mãe e dona de casa e ganhar dinheiro. Vi nesse ramo uma oportunidade. Vendo de tudo um pouco em produtos de ‘emergência’ no Empório Buriti. Acabou o molho de tomate? Tenho aqui e faço a entrega na casa do cliente. Tem refrigerante, lanches rápidos…”, explica.
Ela diz que trabalha mais do que quando atuava como funcionária, mas não se arrepende. O rendimento mensal é 50% superior ao do passado. A liberdade de tomar as decisões e ainda trabalhar quando e quanto quiser a atraem. Apesar de conseguir gerenciar o tempo para manter as idas regulares ao salão de beleza, bronzeamento, consultas médicas e cuidar da filha, Yone diz que já chegou a ter jornada de 12 horas ininterruptas como empreendedora.
A microempresária é regularizada como Microempreendedor Individual (MEI) e tem a “forcinha” da sobrinha e esporadicamente dos filhos nos fins de semana. Aos sábados e domingos, Yone afirma que a demanda pelo serviço é maior porque as pessoas alugam churrasqueiras e compram bebidas que ela comercializa no mercado. Por ter uma CNPJ, ela tem uma conta exclusiva no banco para realizar as transações financeiras, manter reserva em dinheiro e se planejar.
O comércio é o segundo segmento mais procurado pelas empreendedoras no Brasil. Assim como Yone, a confeiteira Thaires Oliveira optou pelo ramo e atualmente vende bolos, doces e cupcakes para os vizinhos e quem mais se interessar pelas delícias apresentadas em um perfil no Instagram. Ela conseguiu transferir a produção de casa para um espaço exclusivo neste ano. O plano é montar a própria loja de doces.
“No momento tenho um ateliê só para a produção dos doces e vendo nas plataformas de delivery. Bolos de aniversário por encomenda, sobremesas, bolos caseiros, docinhos e doces de pronta também para os clientes comerem no dia a dia. Sou casada, tenho duas filhas, de 6 e 12 anos, mas tenho o horário certo para trabalhar e agora, ao final do expediente, vou pra casa ficar com a família, cuidar dos afazeres domésticos, tarefa das crianças”, celebra a microempresária.
O cuidado consigo e a atenção a detalhes do negócio são as principais estratégias apontadas por especialistas para o sucesso no trabalho do empreendedor. De acordo com o Sebrae, 30% dos MEIs entram em falência em até cinco anos devido a problemas de gestão financeira. Outros erros são não conhecer o público-alvo, não saber o capital de giro necessário, não pesquisar o mercado e comportamento da concorrência, a escolha inadequada da localização, não conhecer os fornecedores, desconhecer aspectos legais, falta de estimativa de investimento e desconhecimento das qualificações necessárias para o funcionamento.