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Goiás investe em descentralização de atendimento médico especializado

Última atualização 05/02/2023 | 17:40

O que todo cidadão quer no momento da doença é atendimento médico. Para conseguir a assistência, muito passam por uma peregrinação dos municípios onde moram até as grandes cidades. O movimento é inverso ao que prevê o Sistema Único de Saúde  (SUS) ao estabelecer que o serviço deve ser oferecido para todos, independentemente de onde moram ou de outras distinções sociais.

A qualidade do serviço tende a ficar comprometida nesse jogo em que o usuário é o integrante mais fraco de um time em que cada um deveria cumprir seu papel para o funcionamento em sintonia. Nesse sentido, hospitais grandes, aqueles centralizados em cidades maiores deveriam cuidar de casos mais graves ou mais especializados. Numa escala decrescente, o atendimento para situações mais simples deveria ficar restrito a unidades de saúde municipais próximas ao local de residência das pessoas.

Um exemplo dessa dinâmica é o caso recente das gêmeas Valentina e Eloá, de dois anos. A irmãs siamesas de Morrinhos vieram para a capital com os pais encaminhadas pela regulação para início da preparação da primeira cirurgia de separação que ocorreu em 2021. O procedimento realizado no Hospital Estadual da Criança e do Adolescente (HECAD) faz jus ao perfil especializado do local, que prioriza atendimentos mais complexos.

Com o pequeno Davy, de 10 anos de idade, um equívoco no diagnóstico complicou o estado de saúde e apressou a vinda para o Hecad. Ele começou a passar mal com vômitos e febre. A mãe Daiane Alves o levou para um posto de saúde de Petrolina, no interior goiano, onde foi informada que o garoto estava com dengue.

“Ele foi medicado, mas continuava com febre e dor no pé da barriga. O pai dele resolveu levar o menino para Nerópolis no dia seguinte. Fizeram exames e constataram que Davy estava com crise de apendicite e precisava ser operado com urgência. Eles encaminharam a gente para o Hecad e ele foi atendido aqui porque lá não faziam o procedimento. Tudo é excelente: os profissionais, o atendimento, a comida e ainda tem uma brinquedoteca que ajudou na recuperação do meu filho”, relembra Daiane.

“Escadinha”

Goiânia sempre foi referência como centro de saúde. Na prática, a atração de pacientes para rede pública da capital reforça o ciclo pendular da população do interior porque as desigualdades se mantêm. Questões orçamentárias e logísticas interferem na oferta de assistência médica e hospitalar próximo a casa dessas pessoas. O resultado é mais sofrimento e desgaste com o transporte, alimentação, falta no trabalho e comprometimento do orçamento familiar.

São essas falhas no fluxo de atendimento que causam cenas assustadoras de filas de pacientes e acompanhantes em hospitais centrais. “Um caso simples que poderia ser atendido em um pronto socorro municipal acaba chegando até nós. Não nos recusamos a receber até porque somos ‘porta aberta’, mas nosso perfil é outro. Somos especializados em atendimento pediátrico, somos um hospital de média e alta complexidade. Temos aqui 17 subespecialidades em Pediatria”, explica a diretora geral do Hecad, Mônica Costa.

A própria lei que cria o SUS ensina como as coisas deveriam funcionar: por meio da regionalização da saúde. Em Goiás, a pandemia acelerou o processo que, em resumo, leva ao interior mais hospitais e especialistas em diversas áreas. Nos últimos quatro anos, mais de dez unidades foram criadas em diversas regiões do estado para suprir essa carência, superando 30 na rede própria.

Jataí, Formosa, São Luís de Montes Belos, Luziânia, Itumbiara e Uruaçu – com Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano já têm grandes hospitais para assistir ao povo local e em breve será a vez dos goianos no entorno de Brasília receberem o Hospital Estadual de Águas Lindas de Goiás.

Na capital, os goianienses e as pessoas da região metropolitana não foram esquecidos. O Hecad e o Hospital Estadual da Mulher (Hemu), desmembrados do antigo Hospital Materno Infantil, ampliaram a oferta de vagas de serviço especializado. O Hecad contabiliza milhares de atendimentos por mês em consultas. urgência e internação e quase mais milhares de exames.

“Nosso atendimento ainda se concentra na população de Goiânia, mas atendemos pessoas de todo o estado encaminhadas pela regulação estadual que já vêm com perfil determinado para nossa unidade e vaga garantida. Isso é muito importante porque a lógica da regionalização e da descentralização favorece a prestação de serviço em saúde no interior, aumenta o número de leitos disponíveis no estado e perto da casa das pessoas, além de desafogar os centros de referência”, detalha Mônica.

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