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Goiás registou 844 de pessoas desaparecidas entre janeiro a abril de 2022

Última atualização 07/05/2022 | 12:22

Incerteza, desespero e angústia são sentimentos relatados por pais e familiares de pessoas desaparecidas. Em Goiás, entre Janeiro e Abril deste ano foram registrados 844 casos, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP). No ano passado, no mesmo período, foram 801. Em diversos casos, a vítima aparece por conta própria, mas não há um retorno por parte do solicitante. Com isso, a SSP fica impossibilitada de realizar uma estimativa de quantas pessoas no estado estão desaparecidas atualmente.

Conforme a delegada, Luiza Venerando, as buscas por estes desaparecidos são complexas e variam de caso a caso. “Existem casos mais complexos e outros que são simples, em que a equipe consegue identificar o paradeiro do procurado em 24 horas”, explicou a delegada. Ainda de acordo com ela, a rotina e hábitos da vítima são levados em consideração.

“Já registramos casos em que a pessoa vai para uma festa, o celular descarrega, ela dorme na casa de um amigo e não dá notícias. Aí depois de dois dias aparece”, relatou Luiza.

Ainda segundo ela, os familiares de amigos de desaparecidos devem aguardar cerca de 24 horas para registrar um boletim de ocorrências, no entanto, os hábitos da pessoa devem ser levados em consideração. Caso seja uma pessoa que não tem o costume de sair e ficar horas fora de casa, esse registro pode ser feito antes. Em caso de menores de idade, o registro deve ser feito assim que for notada a falta da criança ou adolescente. Caso contrário “pode ser tarde”.

Caso Alícia Marques

Após o registro do boletim de ocorrências, as investigações para identificação do paradeiro das vítimas é feito de imediato. No entanto, em casos mais complexos como o da Alícia Marques, de 18 anos, (nome de registro: Edmar Gustavo Marques Pereira), o processo pode levar dias, ou meses. Com isso, a angústia dos familiares e amigos só aumenta.

Alícia é uma estudante transexual que desapareceu no dia 12 de fevereiro deste ano. A princípio, ela era apenas uma jovem que saiu de casa e desapareceu. Porém, do decorrer das investigações, a polícia e a mãe de Alícia descobriram que ela era garota de programa e usuária de drogas. Além disso, ela teria o hábito de comprar os entorpecentes ‘fiado’, ou seja, consumia a droga para pagar depois.

Mediante isso, o caso de Alícia levantou diversas suspeitas, já que a jovem é uma alvo potencial de homicídio. No entanto, não há corpo ou indícios do assassinato. Mas a delegada Luiza Venerando, garante que o caso é tratado como prioridade pela equipe de investigação. E eles esperam que nos próximos meses tenham respostas concretas para repassar à mãe de Alícia, Fabrícia Pereira, de 40 anos, que não desiste de encontrar a filha.

Apesar dos 84 dias sem notícias da filha, Fabrícia continua trocando os lençóis da cama dela, na esperança de que a jovem retorne e desfrute de uma “cama limpa e cheirosa”. Os sapatos e roupas ficaram como ela deixou. A diarista ainda afirma que seu maior sonho, no momento, é ter notícias da filha e saber o que fizeram com ela.

Ela ainda relata que não saber do paradeiro de Alícia é “muito dificil”. “Eu só sei que meu filho saiu de casa e não voltou mais. Ninguém me dá notícias, meu sonho é saber onde está meu filho e o que fizeram com ele”, disse Fabrícia.

A diarista também relatou que sonha todos os dias como o retorno da filha e pede a Deus para que isso aconteça.

“Sabe quando você sonha uma coisa muitas vezes? Então, sonho isso todo dia. Em ver minha filha e seu cabelo vermelho chegando. Só peço isso, pra Deus traz ela pra mim pra nossa casa”, desabafou Fabrícia.

Relembre o caso:

Alicía saiu de sua casa no Jardim Helvécia, em Aparecida de Goiânia, dizendo que não iria iria demorar a voltar. No entanto, não informou onde iria. Na última vez em que foi vista, ela estava com uma calça jeans clara, uma bota preta de salto e um cropped.

De acordo com a mãe da jovem, ela não tinha o costume de dormir fora de casa. Por isso, na manhã seguinte foi procurá-la no quarto e não a encontrou. Em seguida, enviou uma mensagem pelo WhatsApp: “Menina, você não tem casa não?”, mas a mensagem não foi recebida. Na segunda-feira (4), a diarista foi à delegacia para comunicar o desaparecimento.

No último dia 28, a família de Alícia usou as redes sociais para realizar um apelo, na tentativa de ter notícias da jovem. Mas não tiveram sucesso.