Goiás registrou 800 casos de injúria racial nos últimos três anos, aponta TJ

Nos últimos três anos o estado registrou 783 casos de injúria racial, divididos entre os anos de 2019 (332 casos), 2020 (239 casos) e 2021 (210 casos). Neste ano, segundo o Tribunal de Justiça de Goiás (TJ), 17 pessoas já foram vítimas desse tipo de crime que envolve ofender alguém com base em sua raça, cor, etnia, religião, idade ou deficiência.

Na última sexta-feira (25), por exemplo, um cliente de uma distribuidora de bebidas, localizada em Aparecida de Goiânia, foi indiciado por injúria racial contra a atendente e estudante, Meire Torres Damara, de 28 anos. O caso aconteceu no último dia 5 de março, porém, o indiciamento do homem, que tem mais de 60 anos, foi feito após a conclusão das investigações.

A delegada responsável pelo caso, Luiza Veneranda, conta que imagens e testemunhas foram ouvidas comprovando o crime. Agora, o idoso vai responder pelo crime de injúria racial podendo pegar pena de até três anos.

“No curso da investigação, descobrimos que o autor proferiu diversas injúrias raciais contras as vítimas. Depois de concluir o crime, o encaminhamos ao poder judiciário. É inacreditável que em pleno século XXI, no atual estado educacional e civilizatório em que vivemos, ainda tenhamos que conviver com práticas criminosas como o caso em questão”, disse.

Crime

Segundo Meire, 0 crime aconteceu no dia 05 de março, após um cliente da distribuidora de bebidas que trabalha lhe ofender na hora de pagar a conta, com valor de R$ 19. Porém, o homem disse que o cálculo estava errado, pedindo para refazer a conta por se tratar de uma pessoa negra.

“Ele bebeu cerveja, se alimentou e na hora de pagar a conta, começou a sugerir que eu não saberia somar, em virtude do meu cabelo e do tom de pele. Me falou que ele mesmo iria somar a conta, dizendo que gente como eu, que tem esse tipo de cabelo, não sabe fazer nada direito, fazem gambiarra. Por isso, sempre tem que verificar a veracidade. A conta dele deu 19, não é uma conta difícil de fazer. Ele consumiu uma cerveja e uma porção de frango a passarinho. Hoje 19 reais não é nada”, concluiu.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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