Goiás registrou três idosos vítimas de violência por dia em 2022

A violência contra o idoso sofreu um aumento de 9,1%, em Goiás, durante o ano de 2022, de acordo com a Secretaria da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Ao todo, a pasta contabilizou 1.162 casos de pessoas acima de 60 anos vítimas de violência. Ou seja, por dia, três idosos foram agredidos, maltratados ou até mesmo abusados sexualmente. Por mês, esse número chega a 96 ocorrências. 

No mesmo período do ano passado, a SSP contabilizou 1.065 idosos vítimas de violência. Mesmo apresentando aumento de forma geral, algumas áreas como maus-tratos (67 casos) e abandono de incapaz (6 casos) apresentaram redução de 16,2% e 66,6%, respectivamente. Entretanto, crimes como: lesão corporal (1.064 casos) e estupro (25), apresentaram aumento de 11,3% e 78,5%.

Para o delegado Alexandre Alvim, da Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso (DEAI), o aumento dos crimes contra a pessoa idosa pode estar relacionado a pandemia e a conscientização da população, que passou a denunciar mais.

“O acréscimo no número de ocorrências começou a ser percebido desde a pandemia, quando o idoso ficou mais tempo com o agressor. Além disso, devido às restrições, muitas vezes a única renda da família era proveniente do auxílio do idoso. Isso fez com que gerasse mais atrito entre as famílias”, explicou. 

Perfil

Conforme o delegado, as pessoas que praticam atos de violência, normalmente, são responsáveis pelos cuidados das vítimas, como filhos e cuidadores. Alexandre conta que os crimes mais comuns são exploração financeira, abandono de incapaz e maus-tratos. 

O investigador conta ainda que é possível identificar um idoso vítima de violência por meio das suas ações. Por exemplo, se a vítima está mais calada, é necessário tentar entender o motivo do silêncio. Atitudes de familiares como gritos e outras ações também podem indicar crimes.

“É importante que seja denunciado, para que a delegacia tome as providências. Tentamos ao máximo não retirar o idoso da família, apenas em último caso, se não tiver condições, ele é encaminhado para um abrigo”, conta.

Para denunciar esse tipo de crime, a Polícia Civil (PC) disponibiliza duas delegacias especializadas no atendimento ao idoso, além de contatos exclusivos para denúncias como o Disque 197, Disque 180 e o fixo das delegacia de Goiânia (62 3201-1501) e Anápolis (62 – 3328-2736). Os crimes também podem ser denunciados por meio do site da corporação.

Penas pequenas

Por mais que os crimes contra a pessoa idosa sejam comuns, a pena para os agressores é pequena, se comparada com outros crimes. Casos de maus-tratos, agressão física e verbal, além de exploração financeira, por exemplo, possuem penas entre seis meses e quatro anos, visto que o Estatuto do Idoso não permite uma pena extensa.

“No geral, são penas pequenas. Não é nada que vai acabar coibindo, por si só, o crime contra o idoso. Na prática, a gente precisaria que isso fosse alterado, para ter pernas severas”, concluiu. 

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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