Goiás sem máscara: população goianiense está dividida

A Secretaria Estadual de Saúde de Goiás (SES) deve publicar, ainda nesta semana, nota técnica que retira a obrigatoriedade de usar máscara ao ar livre. A decisão vale para municípios com pelo menos 75% da população vacinada, a partir dos cinco anos de idade, com início na próxima segunda-feira (14). O Diário do Estado foi às ruas ouvir a opinião da população, em Goiânia.

Francisco Ferreira, 29 anos, acha que já é mesmo a hora de retirar a máscara para andar nas ruas, mas, em locais fechados, ainda não. “Já tive contato com pessoa que tinham Covid-19 e estavam em ambientes fechados. Penso que se está com a doença tem que ficar em casa. Por isso, retirar a máscara na rua, tudo bem. Em ambiente fechado tem que usar”, opina.

A queixa de se sentir incomodado com a máscara é comum. Caso de Luiz Carlos, ex-jogador de futebol profissional, de 54 anos. Ele acredita que toda forma de prevenir é boa, mas confessa que não se dá muito bem com a máscara. “Não vou mentir, me sinto sufocado, principalmente em lugares abafados. Mas sei que ajuda bastante”, relata. Sobre a decisão da SES, que deve começar a valer a partir da próxima segunda-feira (14), ele acredita ser reflexo do comportamento e da vontade da população. “Muita gente se sente incomodada [ao usar a máscara]”, comenta.

Luiz Carlos diz que costuma ficar sem máscara na rua, mas a coloca quando alguém chega perto. (Imagem: Letícia Brito)

A técnica em prótese dentária, Neuza Aparecida Silva, acha que ainda é cedo. “Nem todo mundo vacinou, tenho exemplo disso na minha família: 90% vacinaram, 10% são contra a vacina, infelizmente”. Aos 62 anos, ela enfrenta um problema de saúde no pulmão e não vai retirar a máscara, mesmo com a liberação da SES. “Eu vou continuar usando”, pontua.

Imagem: Na pandemia, dona Neuza aprendeu a fazer máscaras. Confeccionou, inclusive, a que usa na foto. (Imagem: Letícia Brito)

 

Sherola Pimentel, massoterapeuta, concorda com a retirada da máscara ao ar livre. “Acho que vai ser bom. Acredito que vai melhorar bastante para a população”. A também esteticista, de 41 anos, diz se sentir sufocada com a máscara, que a incomoda. “Toda hora a gente quer retirar ela para respirar”, comenta.

Imagem: Sherola é proprietária de um espaço estético, em Goiânia. (Imagem: Letícia Brito)

Tem quem fique sem máscara, normalmente, mas use no ambiente de trabalho. Lucas Luiz, vendedor, é um exemplo disto. Ele, que ainda não se vacinou, mas diz que pretende fazê-lo, demonstra receio com a liberação da máscara ao ar livre . “Acho que não é uma coisa boa. Transporte público, por exemplo, tem muita gente, uma em cima da outra. A região da [rua] 44 também. Agora, se for em uma praça, sem muita circulação de gente, acho que seria uma boa, para ficar mais à vontade”, opina.

Lucas trabalha em uma loja de roupas e tem 23 anos. (Imagem: Letícia Brito)

 

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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