Trabalho análogo a escravo; Goiás é o segundo com mais autuações no País

O Ministério Público do Trabalho (MPT) divulgou lista com 52 novas empresas e pessoas autuadas por trabalho análogo a escravo no Brasil. Destas, sete são no estado de Goiás, sendo seis casos em fazendas e um na zona urbana, na construção de um condomínio.

As propriedades rurais autuadas ficam em Divinópolis, Vicentinópolis, Serranópolis, Rio Verde, São Miguel do Araguaia e Joviânia. O trabalho de semiescravidão identificado em uma obra de construção de condomínio fica em Águas Lindas de Goiás. Clique aqui para conferir a lista completa com os nomes das propriedades.

A chamada Lista Suja do Trabalho Escravo, do MPT, divulgada nesta quarta-feira (6), mostra apenas casos nos quais já não cabem recursos, ou seja, ficou definido que os autores – sejam empresas ou pessoas – mantiveram vítimas em semiescravidão.

Trabalho análogo ao escravo é aquele em que pessoas são submetidas a qualquer uma destas situações: trabalhos forçados, jornadas tão intensas ao ponto de causarem danos físicos, condições degradantes no ambiente de trabalho, ou restrição de locomoção por conta de dívida com o empregador. É crime, previsto no artigo 149 do Código Penal, e pode gerar multa, com pena de até oito anos de prisão.

Segundo o integrante das comissões de Direito Agrário e de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil Goiás (OAB-GO), Guilherme Zalique, os nomes levantados pelo Ministério do Trabalho passaram por um processo administrativo, que é diferente do judicial. Dessa forma, não estão sob processo na Justiça nem foram multados, por exemplo.

“Eles podem, inclusive, recorrer dessa condenação administrativa para tentar derrubá-la. Pode ficar comprovado que não houve situação de trabalho análogo à escravidão. Ou então, a empresa pode implementar políticas de direitos trabalhistas, como um mecanismo de corrigir a situação. As vítimas podem buscar ressarcimento junto à empresa”, explica o especialista.

Goiás é o segundo estado com mais autuações por trabalho análogo ao escravo

Apenas em 2021, os auditores fiscais do trabalho resgataram 1.937 pessoas que trabalhavam nestas condições ilegais. O número mais que dobrou, em relação a 2020, quando foram encontradas 936 vítimas.

Goiás é o segundo estado com maior número de casos, quando observados os números do ano passado. Foram 304 em território goiano, atrás apenas de Minas Gerais, com 768 pessoas resgatadas.

“O aumento é a nível nacional e pode ser explicado por questões econômicas, como desemprego, mas também pela diminuição das fiscalizações, além da desestruturação dos órgãos de controle”, afirma o advogado.

Treze resgatados em Quirinópolis

Um dos casos mais recentes identificados em Goiás aconteceu dia 22 de março. Na Operação do Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) resgatou 13 pessoas que trabalhavam em condições análogas à escravidão, em uma fazenda de cana-de-açúcar em Quirinópolis (na foto).

Entre as ilegalidades, o alojamento não tinha camas e os trabalhadores percorriam caminho de mais de quatro horas diárias para se deslocar do alojamento, em Bom Jesus de Goiás, até o canavial. Segundo o MPT, as vítimas foram aliciadas em Alagoas e Pernambuco, pelos “gatos”, pessoas responsáveis por intermediar a mão-de-obra de maneira ilegal. “Muitos vão enganados, com promessas de trabalho e, quando chegam lá, encontram outra realidade. Muitas vezes, são pessoas que não têm para onde ir, não tem família, nem perspectiva de lugar para morar”, explica Zalique.

Clique aqui para denunciar casos em Goiás.

 

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Hugo destaca avanço em cirurgias endoscópicas com melhorias e investimentos

O Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo), unidade do governo do Estado gerida pelo Hospital Israelita Albert Einstein desde junho deste ano, realizou no final de novembro sua primeira cirurgia endoscópica da coluna vertebral. Essa técnica, agora prioritariamente utilizada nos atendimentos de urgência e emergência, é minimamente invasiva e representa um avanço significativo no tratamento de doenças da coluna vertebral, proporcionando uma recuperação mais rápida e menores riscos de complicações pós-cirúrgicas.

Segundo o coordenador da ortopedia do Hugo, Henrique do Carmo, a realização dessa técnica cirúrgica, frequentemente indicada para casos de hérnia de disco aguda, envolve o uso de um endoscópio. Este equipamento, um tubo fino equipado com uma câmera de alta definição e luz LED, transmite imagens em tempo real para um monitor, iluminando a área cirúrgica para melhor visualização. O tubo guia o endoscópio até a área-alvo, permitindo uma visão clara e detalhada das estruturas da coluna, como discos intervertebrais, ligamentos e nervos.

“Quando iniciamos a gestão da unidade, uma das preocupações da equipe de ortopedia, que é uma especialidade estratégica para nós, foi mapear e viabilizar procedimentos eficazes já realizados em outras unidades geridas pelo Einstein, para garantir um cuidado mais seguro e efetivo dos pacientes”, destaca a diretora médica do hospital, Fabiana Rolla. Essa adoção da técnica endoscópica é um exemplo desse esforço contínuo.

Seis meses de Gestão Einstein

Neste mês, o Hugo completa seis meses sob a gestão do Hospital Israelita Albert Einstein. Nesse período, a unidade passou por importantes adaptações que visam um atendimento mais seguro e de qualidade para os pacientes. Foram realizados 6,3 mil atendimentos no pronto-socorro, mais de 6 mil internações, mais de 2,5 mil procedimentos cirúrgicos e mais de 900 atendimentos a pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC).

A unidade passou por adequações de infraestrutura, incluindo a reforma do centro cirúrgico com adaptações para mitigar o risco de contaminações, aquisição de novas macas, implantação de novos fluxos para um atendimento mais ágil na emergência, e a reforma da Central de Material e Esterilização (CME) para aprimorar o processo de limpeza dos materiais médico-hospitalares.

Hoje, o Hugo também oferece um cuidado mais humanizado, tanto aos pacientes como aos seus familiares. A unidade implementou um núcleo de experiência do paciente, com uma equipe que circula nos leitos para entender necessidades, esclarecer dúvidas, entre outras atividades. Além disso, houve mudança no fluxo de visitas, que agora podem ocorrer diariamente, com duração de 1 hora, em vez de a cada três dias com duração de 30 minutos.

Outra iniciativa realizada em prol dos pacientes foi a organização de mutirões de cirurgias, visando reduzir a fila represada de pessoas internadas que aguardavam por determinados procedimentos. Essa ação viabilizou a realização de mais de 32 cirurgias ortopédicas de alta complexidade em um período de dois dias, além de 8 cirurgias de fêmur em pacientes idosos. Todos os pacientes beneficiados pelos mutirões já tiveram alta hospitalar.

Plano de investimentos para 2025

Para o próximo ano, além do que está previsto no plano de investimentos de R$ 100 milhões anunciado pelo Governo de Goiás, serão implantadas outras melhorias de fluxos e processos dentro das atividades assistenciais. Isso inclui processos preventivos de formação de lesões por pressão, otimização de planos terapêuticos, cirurgias de emergência mais resolutivas, e outras ações que visam aprimorar o cuidado dos pacientes.

O hospital também receberá novos equipamentos, como o tomógrafo doado pelo Einstein para melhorar o fluxo de pacientes vítimas de trauma e AVC, e um robô de navegação cirúrgica.

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