Goiás tem quase mil novos casos de tuberculose por ano; 15% abandonam tratamento

Goiás tem quase mil novos casos de tuberculose por ano; 15% abandonam tratamento

Os dados mais recentes da Secretaria Estadual de Saúde (SES) apontam que Goiás teve 993 novos casos de tuberculose em 2021. A doença tem cura e o tratamento dura seis meses. Em 2020, 124 pacientes abandonaram os medicamentos, o que representa 15% dos goianos que se tratavam contra a doença.

A pasta estadual de saúde não tem dados fechados de 2021, uma vez que alguns pacientes diagnosticados ano passado continuam em tratamento. Em 2020, o número de diagnósticos teve queda (foram 928 casos), por conta da baixa na procura por hospitais durante a pandemia. A média do estado, segundo a pasta, é de cerca de mil casos, com observado em 2021. A taxa de abandono do tratamento registrada em 2020 preocupa, segundo a SES, e é maior que a de anos anteriores.

“Estes 15% representam um aumento e são preocupantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que menos de 5% dos pacientes abandonem o tratamento e 85% alcancem a cura. Goiás está muito aquém dos resultados esperados e que a organização recomenda”, afirma o coordenador estadual de tuberculose, da SES, Emílio Alves Miranda.

O abandono do tratamento costuma se dar pelo sucesso em reduzir sintomas logo no início, dando a impressão de que a doença já foi superada, mas também pelos efeitos colaterais. No estado, em 2020, 64% se curaram após tomarem corretamente os remédios. A pasta de saúde afirmou que não tem os dados de quantos pacientes morreram pela doença, uma vez que há casos em que o óbito acontece por outro fator, como acidente, e não necessariamente pela tuberculose do paciente.

Neste Dia Mundial de Combate à Tuberculose (24/03), o médico pneumologista e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Marcelo Rabahi, alerta para a gravidade de pacientes abandonarem o tratamento e, assim, continuarem transmitindo o Mycobacterium Tuberculosis, bacilo que provoca a doença.

“A taxa de 5% [preconizada pela OMS] também é preocupante. O certo é 0% porque, toda vez que o paciente abandona, a doença volta mais grave e ele ainda continua contaminando outras pessoas. O bacilo é muito transmissível e fica algumas horas no ar. Então, no convívio familiar, outra pessoa vai inalar aquela partícula liberada por meio da tosse e isso vai levar a bactéria para dentro do pulmão”, explica o médico.

Sintomas e tratamento

O principal sinal da tuberculose é a tosse que dura por três semanas, que pode ser seca ou acompanhada de coriza, por vezes com sangue. Outros sintomas são febre, geralmente no período da tarde, perda de peso rapidamente e suor excessivo à noite. Segundo o coordenador estadual de tuberculose da SES, o tratamento é divido em duas fases. “Nos primeiros dois meses, o paciente faz uso de quatro tipos de medicamentos, que ficam reunidos em um comprimido só. Nos últimos quatro meses, o paciente usa só dois tipos de antibióticos. De 2010 para cá, tivemos uma evolução. Antes, o paciente tomava até 12 comprimidos”, explica Emílio Alves Miranda.

O tratamento tem efeitos colaterais, como náuseas, vômitos e urina com coloração alaranjada ou avermelhada. Por outro lado, logo no início do uso de medicamentos, o paciente apresenta melhora da tuberculose. O avanço leva alguns a abandonarem o processo, aumentando as chances de a doença retornar, de forma mais grave, o que exige outro tratamento. Deixar de tomar os remédios antes do período correto deixa a bactéria mais resistente com o tempo e, por isso, mais difícil de ser combatida.

Tuberculose e Covid-19

Segundo o pneumologista, a tuberculose aumenta em duas vezes as chances de o paciente desenvolver Covid-19 em sua forma grave. A preocupação maior é nos grupos mais vulneráveis: pacientes diabéticos, pessoas que fumam e/ou ingerem bebida alcoólica todos os dias, pessoas imunossuprimidas por conta de medicamento ou pelo vírus da Aids, população desnutrida

Entre 10 e 15% dos casos são em crianças. No mundo todo, mais de um milhão de pessoas morrem por causa da doença infecciosa a cada ano. Segundo dados do Ministério da Saúde, divulgados nesta quinta-feira (24), o Brasil registrou 68,2 mil novos casos em 2021. O caminho para prevenir é identificar a doença no início. “Com diagnóstico precoce, as chances de cura são de quase 100%”, afirma Marcelo Rabahi.

 

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Agrodefesa apreende 10 mil embalagens de agrotóxicos armazenadas de forma irregular

A Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), em parceria com a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Rurais (DERCR), deflagrou, na última terça-feira, 17, em Trindade e Paraúna (GO), a Operação Terra Limpa.

A ação resultou na apreensão de mais de 10 mil embalagens vazias de agrotóxicos que estavam armazenadas de forma irregular, em desacordo com legislações ambiental e de defesa agropecuária vigentes.

As embalagens foram encontradas em diferentes estados de processamento — algumas prensadas, outras trituradas —, e estavam em condições inadequadas de armazenamento. Também foi descoberto um caminhão carregado com embalagens vazias.

Os profissionais envolvidos na operação identificaram que os materiais eram triturados para reciclagem, porém a destinação final das embalagens não cumpria as normas legais de devolução de embalagens vazias de agrotóxicos.

Os materiais apreendidos – que totalizaram seis caminhões com produtos – foram enviados para a Associação Goiana de Empresários Revendedores de Produtos Agropecuários (Agerpa), localizada em Goiânia, e para a Associação dos Distribuidores de Produtos Agrícolas de Rio Verde (Adirv) para pesagem e destinação final.

Essas associações são unidades que representam os estabelecimentos comerciais de insumos agrícolas, autorizadas a recepcionar e dar a correta destinação final das embalagens vazias – que passam por tríplice lavagem pelos produtores -, ou ainda daquelas que podem conter resíduos de agrotóxicos.

Segundo a gerente de Sanidade Vegetal da Agrodefesa, Daniela Rézio, os fiscais estaduais agropecuários e os agentes da Polícia Civil apuraram ainda que a intenção do proprietário do estabelecimento era desviar as embalagens para recicladoras clandestinas.

“É importante destacar que o processo legal de reciclagem de embalagens vazias de agrotóxicos é de competência do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV). A instituição é responsável pela gestão da política reversa das embalagens vazias de agrotóxicos e nós, da Agrodefesa, estamos inseridos nesse processo como responsáveis por orientar os produtores e fiscalizar o cumprimento da obrigatoriedade legal do correto armazenamento e devolução das embalagens vazias”, informa.

Penalidade

Além da apreensão do material, o responsável pelo estabelecimento foi detido pela Polícia Civil e autuado pelos fiscais da Agrodefesa. De acordo a com legislação federal e estadual de agrotóxicos, a previsão é que esse tipo de infração tenha penalidades administrativa e criminal, com multas que podem chegar a R$ 50 mil, além de pena de reclusão, de dois a quatro anos.

O presidente da Agrodefesa, José Ricardo Caixeta Ramos, reforça que esse tipo de prática de descarte e armazenamento irregular de embalagens de agrotóxicos vazias, além de ser crime, coloca em risco o meio ambiente, a saúde pública e a economia no Estado.

“Pode trazer sérios danos para a população e afetar toda uma cadeia produtiva. Por isso, casos como esses devem ser denunciados aos órgãos competentes para que as medidas de prevenção e repressão sejam tomadas o mais rápido possível”.

Denúncia

A operação foi realizada a partir do trabalho inicial de apuração feito em Paraúna (GO) por fiscais estaduais agropecuários da Unidade Regional Rio Verdão da Agrodefesa. No município, os profissionais identificaram desvios, processamento e envio de embalagens de agrotóxicos para Trindade.

O coordenador da UR Rio Verdão, Giovani Miranda, destaca que a partir disso foi possível a identificação dos receptadores e a localização do galpão em que o processamento clandestino das embalagens acontecia.

“Essas medidas possibilitaram à Delegacia de Crimes Rurais a apreensão de outras quatro cargas nesse mesmo depósito”, informa.

Participaram da ação fiscais estaduais agropecuários das Unidades Rio dos Bois e Rio Verdão, e da Gerência de Fiscalização Agropecuária, sob coordenação da Gerência de Sanidade Vegetal, além de agentes da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Rurais (DERCR).

Destinação correta de embalagens de agrotóxicos

Em Goiás, são 13 associações credenciadas pelo inpEV, que juntas são responsáveis pela gestão em 27 Unidades de Recolhimento de Embalagens Vazias (UREV), devidamente cadastradas na Agrodefesa, sendo 17 Postos e 10 Centrais, localizadas nos seguintes municípios:

Acreúna, Anápolis, Bom Jesus, Catalão, Ceres, Cristalina, Formosa, Goianésia, Goiânia, Iporá, Itaberaí, Itumbiara, Jataí, Luziânia, Mineiros, Morrinhos, Paraúna, Piracanjuba, Porangatu, Quirinópolis, Rio Verde, Santa Helena de Goiás, Vianópolis e Vicentinópolis.

Os empresários que utilizam agrotóxicos, ao concluírem a aplicação, devem realizar a tríplice lavagem, armazenamento adequado e a devolução das embalagens vazias, suas tampas e eventuais resíduos pós-consumo dos produtos aos estabelecimentos comerciais em que foram adquiridos, de acordo com as instruções previstas nas respectivas bulas, no prazo de até um ano, contado da data de compra, ou da data de vencimento.

A devolução pode ainda ser intermediada por postos ou centrais de recebimento, bem como por ações de recebimento itinerantes, desde que autorizados e fiscalizados pelo órgão competente, nesse caso em Goiás, pela Agrodefesa, com a gestão sob responsabilidade do inpEV junto às suas associações de revendas credenciadas.

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