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Goiás tem quase mil novos casos de tuberculose por ano; 15% abandonam tratamento

Última atualização 24/03/2022 | 15:31

Os dados mais recentes da Secretaria Estadual de Saúde (SES) apontam que Goiás teve 993 novos casos de tuberculose em 2021. A doença tem cura e o tratamento dura seis meses. Em 2020, 124 pacientes abandonaram os medicamentos, o que representa 15% dos goianos que se tratavam contra a doença.

A pasta estadual de saúde não tem dados fechados de 2021, uma vez que alguns pacientes diagnosticados ano passado continuam em tratamento. Em 2020, o número de diagnósticos teve queda (foram 928 casos), por conta da baixa na procura por hospitais durante a pandemia. A média do estado, segundo a pasta, é de cerca de mil casos, com observado em 2021. A taxa de abandono do tratamento registrada em 2020 preocupa, segundo a SES, e é maior que a de anos anteriores.

“Estes 15% representam um aumento e são preocupantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que menos de 5% dos pacientes abandonem o tratamento e 85% alcancem a cura. Goiás está muito aquém dos resultados esperados e que a organização recomenda”, afirma o coordenador estadual de tuberculose, da SES, Emílio Alves Miranda.

O abandono do tratamento costuma se dar pelo sucesso em reduzir sintomas logo no início, dando a impressão de que a doença já foi superada, mas também pelos efeitos colaterais. No estado, em 2020, 64% se curaram após tomarem corretamente os remédios. A pasta de saúde afirmou que não tem os dados de quantos pacientes morreram pela doença, uma vez que há casos em que o óbito acontece por outro fator, como acidente, e não necessariamente pela tuberculose do paciente.

Neste Dia Mundial de Combate à Tuberculose (24/03), o médico pneumologista e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Marcelo Rabahi, alerta para a gravidade de pacientes abandonarem o tratamento e, assim, continuarem transmitindo o Mycobacterium Tuberculosis, bacilo que provoca a doença.

“A taxa de 5% [preconizada pela OMS] também é preocupante. O certo é 0% porque, toda vez que o paciente abandona, a doença volta mais grave e ele ainda continua contaminando outras pessoas. O bacilo é muito transmissível e fica algumas horas no ar. Então, no convívio familiar, outra pessoa vai inalar aquela partícula liberada por meio da tosse e isso vai levar a bactéria para dentro do pulmão”, explica o médico.

Sintomas e tratamento

O principal sinal da tuberculose é a tosse que dura por três semanas, que pode ser seca ou acompanhada de coriza, por vezes com sangue. Outros sintomas são febre, geralmente no período da tarde, perda de peso rapidamente e suor excessivo à noite. Segundo o coordenador estadual de tuberculose da SES, o tratamento é divido em duas fases. “Nos primeiros dois meses, o paciente faz uso de quatro tipos de medicamentos, que ficam reunidos em um comprimido só. Nos últimos quatro meses, o paciente usa só dois tipos de antibióticos. De 2010 para cá, tivemos uma evolução. Antes, o paciente tomava até 12 comprimidos”, explica Emílio Alves Miranda.

O tratamento tem efeitos colaterais, como náuseas, vômitos e urina com coloração alaranjada ou avermelhada. Por outro lado, logo no início do uso de medicamentos, o paciente apresenta melhora da tuberculose. O avanço leva alguns a abandonarem o processo, aumentando as chances de a doença retornar, de forma mais grave, o que exige outro tratamento. Deixar de tomar os remédios antes do período correto deixa a bactéria mais resistente com o tempo e, por isso, mais difícil de ser combatida.

Tuberculose e Covid-19

Segundo o pneumologista, a tuberculose aumenta em duas vezes as chances de o paciente desenvolver Covid-19 em sua forma grave. A preocupação maior é nos grupos mais vulneráveis: pacientes diabéticos, pessoas que fumam e/ou ingerem bebida alcoólica todos os dias, pessoas imunossuprimidas por conta de medicamento ou pelo vírus da Aids, população desnutrida

Entre 10 e 15% dos casos são em crianças. No mundo todo, mais de um milhão de pessoas morrem por causa da doença infecciosa a cada ano. Segundo dados do Ministério da Saúde, divulgados nesta quinta-feira (24), o Brasil registrou 68,2 mil novos casos em 2021. O caminho para prevenir é identificar a doença no início. “Com diagnóstico precoce, as chances de cura são de quase 100%”, afirma Marcelo Rabahi.

 

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