Trabalhadores de terceirizada da BYD negam que foram escravizados
O documento fala em “mal-entendido”, e tabalhadores pedem ajuda do governo brasileiro. Ao menos 163 operários foram resgatados
Funcionários chineses de terceirizada da montadora de automóveis BYD negaram que foram escravizados no Brasil. No início desta semana, força-tarefa anunciou que 163 operários foram resgatados de uma obra da BYD em Camaçari (BA), por supostamente estarem em condições análogas a de trabalho escravo.
Na gravação (veja vídeo abaixo), um operário lê uma petição assinada em conjunto com outros trabalhadores e pede ajuda ao governo brasileiro para permanecer no país. O documento fala em “mal-entendido”.
“A causa do problema é que 107 de nossos colegas precisaram da ajuda da Jinjang [uma das empreiteiras contratadas para realizar a obra] para solicitar carteiras de identidade temporárias brasileiras. A empresa coletou e guardou temporariamente nossos passaportes para posterior processamento dos procedimentos relevantes”, leu um dos funcionários.
Além de resgatar os operários, a força-tarefa responsável interditou os alojamentos e trechos do canteiro de obras da planta onde a montadora está instalando uma fábrica no município de Camaçari, na região DE Salvador (BA). Os trabalhadores resgatados, conforme divulgou o Ministério Público do Trabalho (MPT), dormiam em camas sem colchões e havia um banheiro para cada 31 pessoas. As vítimas foram contratadas pela empresa terceirizada Jinjang, prestadora de serviços para a BYD.
FORÇA-TAREFA
A força-tarefa responsável pelas inspeções e pelos desdobramentos dessa ação é composta pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), pela Defensoria Pública da União (DPU) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF). Segundo o MPT, além das condições degradantes, a situação caracteriza trabalho forçado. Reforçam a tese a constatação de que os trabalhadores eram obrigados a pagar caução, tinham 60% de seus salários retidos (recebendo apenas 40% em moeda chinesa), enfrentavam ônus excessivo para rescisão contratual e tinham seus passaportes retidos pela empresa.
Após a fiscalização, a BYD afirmou que não “tolera desrespeito à lei brasileira e à dignidade humana”, determinou que os trabalhadores fossem transferidos para hotéis da região e rompeu o contrato com a empresa terceirizada responsável pela contratação dos operários.
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