Para além dos saltos: golfinhos-rotadores contribuem para ecossistema e economia de Fernando de Noronha, apontam pesquisas
Estudos mostram que, além de encantar turistas, animais caçam, são caçados, alimentam outras espécies, ajudam peixes a se reproduzirem e sustentam o turismo local.
Golfinhos exercem função que ajuda equilíbrio em Fernando de Noronha, aponta estudo [https://s02.video.glbimg.com/x240/13539493.jpg]
Golfinhos exercem função que ajuda equilíbrio em Fernando de Noronha, aponta estudo
Com base na análise de estudos realizados em Fernando de Noronha [https://de.de/de/de/de/] por mais de 30 anos, pesquisadores concluíram que os golfinhos-rotadores, que têm nome científico Stenella longirostris, são muito mais do que uma atração turística. Esses animais exercem, comprovadamente, seis importantes funções ecológicas para a sustentabilidade do arquipélago (veja vídeo acima).
Os estudiosos do Projeto Golfinho Rotador concluíram que esses cetáceos realizam as seguintes funções:
Predadores;
Presas;
Recicladores de nutrientes;
Facilitadores de interações entre espécies marinhas;
Sensibilizadores ambientais;
Vetores de geração de renda para a comunidade local.
As principais áreas de caça em Fernando de Noronha são localizadas fora da Baía dos Golfinhos, entre 50 e 1 mil metros de profundidade, muitas vezes coincidindo com áreas de pesca da frota local.
“Foram registradas duas táticas principais de caça: a perseguição individual em alta velocidade e a caça em grupo, conhecida como ‘carrossel’, onde dezenas de golfinhos cercam cardumes das presas e mergulham em sincronia, em formação circular tridimensional para capturar as presas”, explicou o coordenador do Projeto Golfinho Rotador, José Martins.
Ainda segundo o coordenador, que também é oceanógrafo, esses mergulhos duram, em média, 3,2 segundos e costumam envolver presas pequenas, com menos de 20 centímetros, como lulas oceânicas, camarões vermelhos, garapaus e juvenis de peixe-voador e agulhinhas.
Por outro lado, os golfinhos também figuram como presas na teia alimentar marinha. A análise de marcas corporais revela que mais de 90% dos rotadores de Noronha já sofreram mordidas de tubarões-charutos, cujas feridas arredondadas indicam ataques repetidos.
Essas mordidas, apesar de não serem mortais, retiram pequenas porções de tecido dos golfinhos-rotadores, caracterizando o comportamento quase parasitário desses tubarões.
“Grandes tubarões como os animais das espécies tigre e a mako também predam os rotadores, deixam cicatrizes em forma de semicírculo. Estimativas indicam que cerca de 4% dos rotadores apresentam sinais de ataques desses predadores maiores, sendo as fêmeas lactantes as mais vulneráveis”, explicou José Martins.
O coordenador também afirmou que existem, ainda, registros de ataques diretos, como o de um rotador adulto morto por três tubarões-tigres, que foi observado a partir do Mirante dos Golfinhos.
Os pesquisadores indicam que a maior presença desses predadores pode explicar a diminuição do uso da Baía dos Golfinhos pelos rotadores, conforme apontam estudos da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE [https://de.de.de.de.de/]).
Além das relações clássicas de predador e presa, os golfinhos-rotadores também exercem um papel menos visível, mas também importante: a dispersão de nutrientes no ambiente marinho.
Peixes como o cangulo-preto e o sargentinho se alimentam das fezes e dos vômitos dos rotadores, comportamento interpretado como oportunista, mas essencial para a cadeia alimentar de peixes planctívoros (animais aquáticos que se alimentam de plâncton).
De acordo com os estudiosos, fragmentos de lulas, vermes e restos de presas vomitados em mergulhos viram alimentos e ajudam a reciclar matéria orgânica, contribuindo para a saúde dos recifes e dos peixes da região.
Outro aspecto curioso revelado pelos estudos é a relação próxima entre os golfinhos e as rêmoras-de-baleia (conhecidas como peixes-sugadores).
“Esses peixes se fixam no corpo dos golfinhos-rotadores, alguns permanecem por mais de um ano. Além de proteção e alimentação, a convivência próxima de pares sexuais entre as rêmoras favorece sua reprodução. A natureza social e gregária dos golfinhos facilita esses encontros, tornando-os facilitadores reprodutivos desta espécie, uma interação ecológica raramente documentada de forma tão detalhada”, declarou José Martins.
Em Fernando de Noronha, os golfinhos atraem o turismo de observação, o que possibilita sensibilização ambiental. Os pesquisadores acreditam que o sucesso dessa atividade depende de orientação adequada aos visitantes, condutores capacitados e ações educativas permanentes para evitar perturbações aos animais.
“Quando bem manejado, o turismo náutico tem o potencial de sensibilizar para a conservação marinha, promovendo o uso não letal da fauna e fortalecendo o vínculo emocional das pessoas com os oceanos”, disse a coordenadora de Educomunicação Ambiental e Sustentabilidade do Projeto Golfinho Rotador, Cynthia Gerling.
Esse tipo de turismo também é uma importante fonte de renda para a população local. Cynthia afirma que, em média, 33 barcos turísticos e 22 canoas havaianas realizam passeios diários em Fernando de Noronha, tendo o avistamento dos golfinhos como principal atrativo.
Dados do projeto também indicam que o Mirante dos Golfinhos recebe, diariamente, cerca de 90 turistas, que acompanham as saídas sincronizadas dos rotadores pela manhã. “Essa presença movimenta a economia da ilha, gera empregos e reforça a importância de preservar a espécie como ativo ecológico e econômico”, contou Cynthia Gerling.
Desde 1990, o Projeto Golfinho Rotador atua em Fernando de Noronha com pesquisa, educação ambiental e conservação marinha. O projeto tem apoio do Programa Socioambiental da Petrobras [https://de.de/de/de.de].
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