Após a polêmica operação da Polícia Federal, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), deverá se reunir com a alta gerência do Banco de Brasília (BRB) e o novo presidente nesta segunda-feira (24). O encontro é agendado poucos dias após a ação Compliance Zero, que investiga supostas fraudes no Banco Master, alvo de tentativa de compra pelo BRB desde o início do ano.

A Justiça Federal em Brasília determinou o afastamento do então presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e do diretor financeiro Dario Oswaldo Garcia Junior, como parte da operação. Em substituição, Ibaneis Rocha indicou Nelson Souza como novo presidente do BRB, que participará da reunião agendada para esta segunda. A aprovação de Souza aguarda o aval da Câmara Legislativa do Distrito Federal.

Em declarações à TV Globo na sexta-feira (21), Ibaneis afirmou que precisa dialogar com a cúpula do BRB, pois teve conhecimento de informações até então desconhecidas após a operação Compliance Zero. O governador minimizou o escândalo em entrevista anterior, atribuindo os erros do ex-presidente do BRB a um “excesso de confiança”.

A investigação revelou que o Banco Master emitiu R$ 50 bilhões em certificados de depósito bancário (CDBs) com promessas de juros acima do mercado, sem comprovação de liquidez. Para aparentar solidez financeira, o Master investiu em ativos inexistentes da empresa Tirreno, vendendo posteriormente esses créditos ao BRB por R$ 12,2 bilhões sem documentação. A transação suspeita coincide com a tentativa do BRB de adquirir o próprio Banco Master.

A Justiça ressaltou a necessidade de uma apuração minuciosa sobre a situação patrimonial real do BRB, diante das suspeitas de “procedimentos escusos” e “pura camaradagem” adotados para salvar o Banco Master de uma possível crise de liquidez. Os investigadores buscam compreender as razões que levaram o BRB a ignorar irregularidades graves nas operações.

O Banco de Brasília (BRB), criado em 1964 para viabilizar o desenvolvimento do DF, é uma sociedade de economia mista com presença em diversas regiões do país. Atuando nas áreas comercial, câmbio, desenvolvimento e imobiliária, o BRB tem como acionista majoritário o Governo do Distrito Federal. Com agências em vários estados, o BRB se destaca como uma instituição financeira de capital aberto.