A Advocacia-Geral da União (AGU) solicitou à Polícia Federal (PF) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que instaurem investigações sobre uma notícia falsa que atribuiu declarações ao futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. Essa desinformação circulou nas redes sociais na última terça-feira, 17, e teve um impacto significativo na cotação do dólar.
A fake news, que foi rapidamente desmentida pelo Banco Central, afirmava que “a moeda dos Brics nos salvaguardaria da extrema influência que o dólar exerce no nosso mercado”. Essa declaração falsa foi amplamente compartilhada por perfis de gestoras de casas de investimento e economistas com mais de 100 mil seguidores, gerando uma onda de desconfiança no mercado.
A AGU argumentou que essa desinformação comprometeu as ações do governo para conter a alta do dólar, que já estava pressionada por dúvidas sobre a trajetória da dívida interna e o ambiente externo. A moeda americana fechou em forte alta de 2,82% na quarta-feira (18 de dezembro), atingindo o valor nominal de R$ 6,267, o maior valor nominal desde o Plano Real em 1994.
A Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD), vinculada à AGU, destacou que a desinformação interferiu diretamente na percepção do mercado, comprometendo a eficácia da política pública federal de estabilização cambial. “A desinformação, ao interferir diretamente na percepção do mercado, comprometeu a eficácia da política pública federal de estabilização cambial, evidenciando o elevado potencial lesivo de boatos neste contexto”, afirmou a AGU.
A AGU pediu à PF que investigue “condutas fraudulentas” que podem configurar “crime contra o mercado de capitais (manipulação do mercado)”, conforme o artigo 27-C da Lei nº 6.385/1976. Além disso, um ofício foi encaminhado à CVM para que seja instaurado um procedimento administrativo sobre o caso.
A agitação causada pela mentira coincidiu com um ambiente de extrema desconfiança do mercado com a solidez do pacote de corte de gastos lançado pelo governo Lula e as questões levantadas pela aproximação da posse de Donald Trump nos Estados Unidos, pressionando sobretudo países emergentes.