Governo Bolsonaro comprou R$ 5,2 bi de vacina CanSino, através de amigo de Ricardo Barros

Durante a CPI da Covid na última sexta-feira (28), mais um esquema de compras de vacina foi anunciado como uma possível corrupção na compra de imunobiológicos. Dessa vez se suspeita na compra da vacina Convideia, do laboratório chinês CanSino.

De acordo com o jornal Brasil 247, a empresa intermediária desta vez seria a BelCher Farmacêutica Brasil, com sede em Maringá, terra do deputado Ricardo Barros, citado como o possível comandante do esquema de corrupção da Covaxin. Um dos sócios da empresa é Daniel Moleirinho, cujo o pai é parceiro político de Barros.

As revelações foram feitas pelo jornalista Hugo Souza, em sua rede social. O jornalista recordou a relação entre o líder do governo e a Precisa, representante na compra de vacinas indianas com a Barath Biontech, desde que a empresa fornecia preservativos femininos ao Ministério da Saúde.

“Há 15 dias, meados de junho, o Ministério da Saúde assinou intenção de compra de 60 milhões de doses de uma vacina contra a covid-19 chamada Convidecia, do laboratório chinês CanSino. O preço é de nada menos que 17 dólares a dose, mais cara que a Covaxin. A se confirmar o negócio, que está na dependência da Anvisa, será a vacina mais cara negociada pelo Brasil (É dose única, mas a Janssen também e custa US$ 10)”, escreveu o jornalista.

O contrato do Ministério da Saúde tem a intenção de comprar 60 milhões de doses da vacina CanSino. O jornalista Renato Rovai, para a coluna na Revista Fórum, informou que o governo federal iria pagar 17 dólares por cada dose de vacina – um valor de R$ 5,2 bilhões por R$ 60 milhões de doses, conforma dados da CNN. Esse é o preço mais alto de todas as vacinas compradas pelo governo, incluindo a Covaxin, por 15 dólares.

Rovai relembra que o paranaense Emanue Catoi, diretor presidente da Belcher Farmacêutica do Brasil, junto aos empresários Luciano Hang, da Havan, e Carlos Wizard, “liderou um movimento para que empresas privadas conseguissem permissão para comprar e distribuir imunizantes, criando o ‘camarote das vacinas’. Em março deste ano, ele esteve em Brasília para uma conversa com o governo federal acerca deste tema”.

Leia o texto de Hugo Souza sobre o caso:

Sábado às 11:01

Atenção, CPI e colegas jornalistas:

O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros, apontado ontem por Luis Miranda como o homem acobertado por Bolsonaro na fraude da Covaxin, é próximo do empresário Francisco Feio Ribeiro Filho.

Conhecido como Chiquinho Ribeiro, o dono da Pneumar foi presidente da Urbamar, empresa de urbanização de Maringá, quando Barros foi prefeito da cidade, lá no início da década de 90. Na declaração de Imposto de Renda de Barros para o exercício 2002 aparece o nome de Francisco Feio Ribeiro Filho na seção “pagamentos e doações efetuados”, e o valor de R$ 16 mil, algo que hoje seria em torno de R$ 50 mil, pela correção IPCA.

Quando Chiquinho Ribeiro completou 70 primaveras, em 2016, o irmão de Ricardo, Silvio Barros – que também já foi prefeito da terra do Marreco -, publicou no Instagram uma foto sua e de sua consorte na comemoração: “festa linda, merecida e abençoada do nosso amigo Chiquinho Ribeiro”.

Quando Cida Borghetti, esposa de Ricardo Barros, tornou-se governadora do Paraná, em 2018, Chiquinho foi parar na direção da Companhia de Saneamento do estado (Sanepar).

Há dois meses, Cida Borghetti foi nomeada por Bolsonaro para o Conselho de Administração de Itaipu Binacional, rendendo o indefectível Carlos Marun e com salário de R$ 27 mil para participar de umas reuniões.

Há 15 dias, meados de junho, o Ministério da Saúde assinou intenção de compra de 60 milhões de doses de uma vacina contra a covid-19 chamada Convidecia, do laboratório chinês CanSino. O preço é de nada menos que 17 dólares a dose, mais cara que a Covaxin. A se confirmar o negócio, que está na dependência da Anvisa, será a vacina mais cara negociada pelo Brasil (É dose única, mas a Janssen também e custa US$ 10).

Estamos falando de um negócio de mais de R$ 5 bilhões. Para quem não queria “vaChina”, que coisa, hein?

A representante da CanSino no país é a Belcher Farmacêutica do Brasil, com sede em… Maringá. Há um ano, em julho do ano passado, a Belcher foi alvo da Operação Falso Negativo, contra empresas que se lambuzaram em superfaturamentos aproveitando-se da dispensa de licitação para aquisição de testes rápidos de covid-19.

Um dos sócios da Belcher é Daniel Moleirinho Feio Ribeiro, que é filho de… Chiquinho Ribeiro. 

No dia 6 de janeiro de 2021, há poucos meses, portanto, foi aberta em Maringá a empresa Rcy Brasil & Belcher Spe Ltda, com atividade principal de “Comércio atacadista de medicamentos e drogas de uso humano”. No quadro de sócios e administradores da novíssima firma consta a Belcher e a Ribetech Participacoes Sociais LTDA, pessoa jurídica com capital social de mil reais representada pela pessoa física Francisco Feio Ribeiro Filho – Chiquinho Ribeiro, o velho conhecido de Ricardo Barros. 

A Rcy Brasil & Belcher funciona no mesmo endereço da Belcher em Maringá, no número 21102 da rua Rodolfo Cremm, numa construção tipo galpão rodeada por terrenos baldios, segundo mostra o último registro feito pelo Google Street View, em 2020. A farmacêutica maringaense que é parte em um contrato de mais de R$ 5 bilhões com o Ministério da Saúde, para compra de vacinas, tem o número de identificação do seu imóvel-sede apenas e tão somente escrito à mão no poste de ligação de energia.

Cereja: informações da imprensa dão conta de que por trás do pedido de liberação da vacina Convidecia na Anvisa estão Luciano Hang, Carlos Wizard, além do outro sócio da Belcher, Emanuel Catori. Hang e Wizard são os dois grandes empresários brasileiros mais próximos do presidente da República. Um anda na garupa, o outro é do gabinete paralelo.

Pode ser apenas mais uma grande Convidecia, digo, coincidência, já que este é o país delas, vide a lista de condôminos do Vivendas da Barra.

Mas acho que convinha dar uma olhada no tocante a essa cuestão aí. Talquei?

 

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp