O governo está sob alerta de que uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar a fraude no INSS é inevitável e busca ganhar tempo para evitar que o próprio Congresso siga em frente com essa empreitada. O Palácio do Planalto está na expectativa de que a sessão do Congresso programada para o dia 27 de maio seja postergada para junho, permitindo que novos desdobramentos das investigações possam atingir parlamentares da oposição e do Centrão, diminuindo assim a pressão pela instauração da comissão.
O presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP), compartilhou o cenário no Parlamento com a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, em uma reunião realizada na última quinta-feira (15). Alcolumbre mencionou a pressão que está enfrentando diante do pedido de abertura da CPMI sobre as fraudes no INSS e indicou que terá que proceder com a leitura na próxima sessão do Congresso, uma vez que o requerimento já conta com 270 assinaturas, ultrapassando o mínimo estabelecido de 27 senadores e 171 deputados.
Segundo informações de integrantes do governo, Alcolumbre teria indicado que a instalação da comissão seria inevitável e sugeriu adiar a sessão do Congresso como uma maneira de ganhar tempo para o governo. Aliados do presidente do Congresso destacam que Alcolumbre também mencionou que a oposição já manifestou interesse em recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir a instauração da comissão, seguindo um cenário semelhante ao da CPI da Covid de 2021.
Parlamentares da oposição já solicitaram uma reunião com Alcolumbre na próxima semana para discutir o assunto. Em um momento anterior, o ministro Luís Roberto Barroso determinou a criação da CPI no Senado, atendendo a um pedido de liminar apresentado pelos senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Jorge Kajuru (Cidadania-GO). Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu ministros no Palácio do Alvorada para discutirem a estratégia de enfrentamento à CPMI, apesar de algumas manifestações de apoio à comissão por parte de aliados. A convicção de Lula é de que a instauração da CPMI apenas desgastaria ainda mais o governo.