O Governo de Goiás realizou o primeiro transplante de pâncreas em uma unidade pública de saúde no estado. A paciente é a da dona de casa Gabriela Barbosa Oliveira Silva, de 41 anos, que foi submetida ao procedimento na noite de quinta-feira (23/05), no Hospital Estadual Dr. Alberto Rassi (HGG), em Goiânia. Gabriela passou os dois dias seguintes no Centro de Terapia Intensiva, em observação e, devido à boa evolução em seu quadro clínico, foi transferida, na tarde deste domingo (26), para um leito de enfermaria, onde aguarda alta hospitalar.
Diabética desde os 11 anos de idade e já transplantada renal desde 2017, também no HGG, Gabriela seguiu como paciente da unidade, passando por consultas de rotina no Centro Estadual de Atenção ao Diabetes (Cead). Diante da resistência do diabetes e o comprometimento da saúde da paciente, foi inserida na fila de transplantes de pâncreas no dia 1º de maio deste ano.
O cirurgião do Serviço de Transplantes do HGG, Marcus Vinícius Chalar, responsável pelo procedimento, explica que Gabriela tem diabetes tipo 1, doença de difícil controle que pode afetar as funções do rim transplantado. Segundo ele, o transplante de pâncreas é indicado para portadores de diabetes tipo 1 que já tiveram o transplante renal, com bom funcionamento atual do rim. “Um novo pâncreas é indicado para tratar a doença de forma mais eficaz, e evitar outras complicações da diabetes, como retinopatia, neuropatia e cardiopatias, além de novas complicações renais.”
O procedimento se tornou viável quando a Gerência de Transplantes do Estado identificou um doador compatível em Campo Grande, na madrugada de quinta-feira (23/05), acionando o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBM-GO), que enviou a aeronave comandada pelo cel. Eduardo Cardoso. O avião decolou de Goiânia às 7 horas da manhã, chegando em Campo Grande três horas depois. Às 11 horas, a aeronave já havia decolado em direção a Goiânia, onde aterrissou às 13h30, trazendo o órgão. “Mais uma vez, os bombeiros de Goiás foram fundamentais no apoio logístico da captação de órgãos na saúde estadual”, disse a gerente de Transplantes, Katiuscia Freitas.
Às 19h, o procedimento teve início no HGG. “Eu não imaginava que seria tão rápido assim. Eu sou muito grata à família que me proporcionou esse momento. Porque só quem passa esse sofrimento todos os dias sabe o quanto é dolorido”, comemorou Gabriela. “Eu não podia perder um órgão que é tão valioso e que tantas pessoas lutam para conseguir”, completou, emocionada.
O caso de Gabriela Barbosa se soma ao rol de transplantes bem sucedidos do HGG, referência na saúde pública estadual. A nova Unidade de Transplantes foi inaugurada em setembro de 2022, com investimentos de R$ 2,8 milhões. Em abril de 2023, o Ministério da Saúde habilitou o hospital a realizar o transplante de pâncreas. Além do, até então, inédito transplante de pâncreas em Goiás, o HGG também faz transplantes de pâncreas-rim (conjugado, já realizado no estado em unidade privada), renais, fígado e também medula óssea (primeiro foi realizado há 15 dias).