Governo de Goiás reivindica investimentos na Ferrovia Centro-Atlântica

O Governo de Goiás reivindica maior volume de investimentos e de obras de requalificação nos trechos da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) que cortam o Estado, após a renovação do contrato de concessão deste modal que será feita pelo governo federal com a iniciativa privada. Segundo o vice-governador Daniel Vilela, outro pleito relevante é a construção de um ramal da ferrovia que ligue Anápolis à cidade de Araguari (MG).
 
“Nosso objetivo é facilitar o escoamento da produção goiana, a redução significativa de custos do frete e, principalmente, aumentar a competitividade dos nossos produtos”, destacou Daniel durante audiência pública realizada na segunda-feira (21/10) pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), em Goiânia. A reunião foi coordenada pelo diretor da entidade, Lucas Asfor, e pelo ouvidor Robson Crepaldi.
 
A Ferrovia Centro-Atlântica parte de Anápolis até os portos de Vitória (ES), Rio de Janeiro (RJ) e de Santos (SP). Para o secretário de Estado da Infraestrutura (Seinfra) e presidente da Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra), Pedro Sales, que também esteve na audiência, a construção de um novo trecho entre o município goiano e Araguari se justifica pela “saturação da capacidade” do Porto de Santos.
 
“Com a ferrovia chegando àquela cidade mineira, é possível abrir uma rota direta para os portos, criando-se novas possibilidades para o escoamento dos nossos produtos”, detalhou. “O que queremos é melhorar o nosso acesso à zona portuária da região Sudeste, em especial ao Porto de Açu (RJ)”, ilustrou.
 
Presidente do Conselho da Associação Pró-Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial), o empresário José Carlos Garrote endossou as reivindicações do Governo Estadual junto à ANTT. Lembrou que o estado é o quarto maior produtor de grãos do país e que detém o sétimo maior parque industrial. “Temos experimentado um crescimento avassalador, muito acima da média. Com a ampliação da Ferrovia Centro-Atlântica em Goiás, teremos condições de investir muito mais. Vamos aumentar a produtividade com maior eficiência”, projetou.
 
Garrote destacou ainda que o setor produtivo goiano tem trabalhado “de mãos dadas” com o Executivo Estadual, de forma “respeitosa” e com “visão futurista”. “Daí a necessidade de o governo federal assegurar estes investimentos para Goiás a fim de não obstaculizar este crescimento”, pontuou.
 
Com 7,8 mil quilômetros de extensão, a FCA atravessa, além de Goiás, os estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Sergipe e o Distrito Federal. A renovação da concessão por mais 30 anos, que prevê investimentos privados da ordem de R$ 24 bilhões, abrange 5,7 mil quilômetros de trilhos e inclui os corredores Centro-Leste, Centro-Sudeste, Minas-Bahia e Minas-Rio.
 
Este montante de recursos, afirma a ANTT, será empregado em infraestrutura, tecnologias e na ampliação da capacidade de transporte. Em território goiano, as obras na malha ferroviária estão programadas em Luziânia, Pires do Rio, Catalão, Vianópolis e Ipameri. A partir de agora, as reivindicações e sugestões apresentadas na audiência pública serão acrescentadas aos estudos técnicos que estão sob responsabilidade da Agência de Transportes Terrestres antes da definição acerca da renovação da concessão.
 
Diante de representantes da ANTT e do Ministério dos Transportes, o vice-governador Daniel Vilela aproveitou a oportunidade para reforçar o projeto do Executivo estadual de instituir um consórcio semelhante ao que existe na região Metropolitana, com o Governo de Goiás à frente, para melhorar “substancialmente” o sistema de transporte coletivo no entorno do Distrito Federal.
 
“Iniciamos os diálogos com a Presidência da República e também com o Ministério das Cidades. A Secretaria de Estado do Entorno criou um Grupo de Trabalho, com participação das prefeituras, com este propósito e, nos próximos dias, nos reuniremos com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha”, antecipou Daniel Vilela ao diretor da ANTT, Lucas Asfor. “Os avanços que conseguimos aqui, como modernização e troca da frota, também queremos implantar no entorno”, garantiu.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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