A Artesp, responsável pela gestão e regulamentação dos transportes públicos no estado de São Paulo, autorizou que a administração do governador Tarcísio de Freitas, do partido Republicanos, efetuasse um pagamento adicional de mais de R$ 3,6 bilhões à empresa encarregada pela construção da Linha 6-Laranja do Metrô da capital paulista. Esse pagamento extra se deve a uma falha geotécnica não prevista no projeto original da linha, específicamente na área da estação Higienópolis-Mackenzie, que acarretaria em um atraso de 1.096 dias na conclusão da obra. Diante dessa situação, o governo do estado assumiu os custos para acelerar o cronograma e realizar a entrega parcial da obra até as eleições de 2026.
A ata da reunião que deliberou sobre o acréscimo no valor do contrato foi publicada no Diário Oficial do estado no dia 22 de dezembro, fundamentando o pagamento adicional devido ao “cronograma acelerado” dos trabalhos, atualizado devido a um imprevisto de risco geotécnico que ocasionou um desequilíbrio econômico-financeiro em benefício da concessionária. O problema mencionado, que resultou na revisão do contrato, teve origem na estação Higienópolis-Mackenzie, onde questões geológicas não contempladas no projeto licitado trariam um atraso substancial na conclusão da obra.
Com as despesas assumidas pelo governo paulista, foi possível um adiantamento significativo no cronograma da obra, viabilizando a entrega da primeira fase em outubro de 2026, próximo às eleições estaduais e federais do ano subsequente. A Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São Paulo recomendou a realização de estudos para equilibrar economicamente o contrato vigente, com vistas a formalizar os ajustes necessários para a continuidade dos trabalhos.
O valor inicial do risco geotécnico da obra foi estimado em R$ 826,1 milhões, com base nos termos do contrato firmado em outubro de 2013, durante a gestão do ex-governador Geraldo Alckmin. Após mais de uma década de vigência do contrato, esse montante foi atualizado para R$ 3,69 bilhões em valores de março de 2025. A diretoria da Artesp, de forma unânime, aprovou o pagamento adicional bilionário, ressaltando a necessidade de medidas para o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato em vigor.
Por meio de comunicado oficial, a Artesp esclareceu que o montante de R$ 3,69 bilhões é destinado a assegurar o cumprimento do cronograma de entrega da Linha 6 a partir de 2026, após o atraso decorrente de eventos geotécnicos inesperados. A agência enfatizou que o valor engloba diversos aspectos, como a reorganização da execução da obra, mobilização de recursos e frentes de trabalho adicionais, bem como impactos sobre receitas e investimentos. Essa solução regulatória visa garantir a conclusão da Linha 6 a partir de 2026, mitigando os efeitos dos eventos geotécnicos no prazo total da obra.
A Linha 6-Laranja tem como propósito conectar a Zona Norte ao Centro de São Paulo, com previsão de 15 estações subterrâneas e conexões com outras linhas do Metrô. A expectativa é que atenda cerca de 630 mil passageiros diariamente e o custo total estimado é de R$ 15 bilhões, sendo parte financiada pelo governo paulista e parte pela empresa espanhola Linha Universidade Participações S.A, principal acionista da Acciona. A entrega prevista da primeira etapa da obra, entre as estações Brasilândia e Perdizes, é até outubro de 2026, com a totalidade dos trabalhos concluída até o final de 2027.
Com a retomada das obras da Linha 6-Laranja, após a incorporação do contrato pela Acciona em 2020, a nova administração busca cumprir o compromisso de entrega em 2025. Porém, os desafios no decorrer do projeto, como a falha geotécnica na estação Higienópolis-Mackenzie, implicaram em ajustes nos prazos e custos da obra. Com a autorização para o pagamento adicional à empresa responsável, o governo de São Paulo busca acelerar o andamento do projeto e garantir a operacionalidade da Linha 6-Laranja dentro da nova previsão de entrega.




