Governo lança edital para diminuir impacto das drogas entre indígenas

Os ministérios da Justiça e Segurança Pública e dos Povos Indígenas lançaram, nesta segunda-feira, 05, em Brasília, edital no valor de R$ 3 milhões para financiar projetos de desenvolvimento sustentável em territórios indígenas ameaçados pelo narcotráfico e pelo crime organizado.  

O evento ocorre no Dia Mundial do Meio Ambiente (05 de junho). A mesma data marca o primeiro ano dos assassinatos do indigenista e funcionário licenciado da Funai, Bruno Pereira, e do jornalista britânico Dom Phillips, no Vale do Javari, oeste do estado do Amazonas.

O edital será coordenado pela Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (Senad) do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que, pela primeira vez, constrói uma política voltada às populações indígenas, de acordo com a secretaria da Senad, Marta Machado.

A secretária enumerou as consequências da atuação do crime organizado aos povos originários, que precisam ser prevenidas e combatidas com urgência.

“O agravamento dessa situação impõe às populações indígenas uma série de violências, ameaças, coações, assassinatos de lideranças, violência e exploração sexual, trabalho forçado em atividades ilícitas, cooptação de jovens para o tráfico, disponibilização indevida de drogas em seus territórios. O avanço das organizações criminosas sobre as terras indígenas também impacta em questões de saúde indígena, como doenças e distúrbios associados ao abuso do álcool e de outras drogas”.

Novo edital

Lançado para reduzir o impacto do narcotráfico em populações indígenas, o edital vai financiar os trabalhos de organizações indígenas e comunitárias. São três os eixo de atuação::

-Enfrentamento de situações de vulnerabilidade social de jovens e adultos indígenas, por meio da geração sustentável de renda e participação social;

-Prevenção de violência sexual física simbólica contra mulheres indígenas ou a mitigação dos efeitos dessas violências com ações de acesso a direitos para proteção, amparo e acolhida

-Redução e prevenção de invasões territoriais por narcotraficantes e outras redes criminais.

“Entendemos que as ações de repressão que vêm sendo retomadas e conduzidas pelas polícias devem andar par e passo com as ações de acesso a direitos e de desenvolvimento social e humano que fortaleçam as comunidades e as tornem mais resilientes”, esclarece Marta Machado.

A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, presente no evento, reconheceu a fragilidade histórica na proteção dos territórios indígenas contra o narcotráfico e disse entender que a Funai poderá contribuir para a construção de políticas indígenas dentro da rede governamental.

Quem mais que poderá orientar todas essas propostas de projetos, como o único órgão indigenista federal do nosso país, que tem a expertise nessa diversidade que estão os povos indígenas, mas também tem uma atuação local? A Funai, nesse governo, tem se colocado na mesa para o diálogo e também para propostas”, pontuou a presidente da Funai.

 

Estratégia Nacional

O lançamento do edital para financiar projetos de desenvolvimento sustentável em territórios indígenas ameaçados pelo narcotráfico faz parte da Estratégia Nacional para Mitigação e Reparação dos Impactos do Tráfico de Drogas sobre Populações Indígenas e Etnoterritórios.

A estratégia é fruto da articulação de nove ministérios e pretende proteger e garantir a segurança de populações indígenas e de comunidades tradicionais, além de ampliar o acesso a direitos pelas comunidades e, por fim, reparar as violências sofridas por esses grupos, relacionadas ao tráfico de drogas e atuação de organizações criminosas.

A secretaria da Senad, Marta Machado, ao citar o ambientalista Ailton Krenak, ratificou os conflitos vividos mais fortemente em anos mais recentes.

 

“Nunca houve paz para os povos indígenas. A invasão de seus territórios nunca cessou. Mas, nos últimos anos, o crescimento e a interiorização da ação de organizações criminosas e do narcotráfico deram ensejo ao agravamento dessa situação”.

A diretora do Departamento de Proteção Territorial e de Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), a antropóloga Beatriz de Almeida Matos, viúva do indigenista Bruno Pereira, morto em junho de 2022, entende que o narcotráfico nos territórios indígenas é um problema nacional, que tem se alastrado. Mas, que o edital anunciado nesta segunda-feira, poderá reduzir o problema.

Para Beatriz, a criação do Comitê Gestor da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas, em abril deste ano, durante o Acampamento Terra Livre, ressalta a atuação do MPI na busca de soluções. “O comitê coloca o Ministério dos Povos Indígenas no centro dessa definição, criação, reflexão e monitoramento dessas políticas voltadas aos povos indígenas, inclusive, políticas de segurança pública. O que é algo inédito no país.”

Homenagem

No início da cerimônia, um vídeo foi exibido com o indigenista brasileiro Bruno Pereira cantando a música indígena “”Wahanararai”, no idioma Kanamari, ao lado de indígenas, no meio da mata.

Além de Bruno e Dom Phillips, as imagens homenagearam outros defensores dos direitos humanos e do meio ambiente mortos no Norte do Brasil, como o líder seringueiro Chico Mendes, em 1988; e a missionária católica norte-americana, Dorothy Mae Stang, em 2005.

Beatriz Matos agradeceu a homenagem aos mortos e realçou a luta deles por promoção e respeito aos direitos humanos.

Acho que essa é a verdadeira justiça que esperam Bruno, Dom, Maxciel [Pereira dos Santos], e todos os que foram citados, como Chico Mendes, e Dorothy Stang, como lutadores pelos direitos humanos dos povos indígenas. A verdadeira justiça não é só a não impunidade, ou seja, que o crime seja de fato punido, mas também que a gente consiga possibilitar, de verdade, a segurança e a vida desses povos e das pessoas que trabalham com eles”.

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Menina de 2 anos desaparecida é encontrada dormindo em guarda-roupa no Paraná

Uma menina de 2 anos, dada como desaparecida, foi localizada dormindo dentro de um guarda-roupa na própria residência, em Rolândia, Paraná. O caso aconteceu na tarde desta terça-feira, 24, e mobilizou a Polícia Militar após a família acionar as autoridades.

Segundo relatos da avó, que estava responsável pela criança no momento, as duas brincavam na sala quando ela se distraiu por alguns instantes. Logo depois, percebeu que a menina não estava mais no local e notou que o portão da casa estava aberto.

Preocupada, a avó descreveu à polícia como a neta estava vestida, o que deu início a buscas na região. Enquanto o registro da ocorrência era realizado, a criança foi encontrada dormindo dentro de um guarda-roupa, para alívio de todos.

A Polícia Militar do Paraná reforçou a importância de atenção redobrada com crianças pequenas e destacou que, felizmente, o desfecho do caso foi positivo.

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