Governo prepara projetos com monitoramento ativo de crimes graves nas redes
Foco de projeto, que aguarda aval do Planalto, está em proteção de usuários e
responsabilização de provedores
O Palácio do Planalto avalia o envio de duas propostas, ao Congresso Nacional,
que nascem como alternativas para a regulação de redes sociais.
O assunto voltou a ganhar tom de urgência dentro do governo, com uma ênfase em
uma frente de defesa e segurança de crianças e adolescentes no ambiente digital
e outra em mercados digitais. Os textos aguardam a palavra final do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Um dos projetos nas mãos da Casa Civil é um marco legal de proteção do usuário
de serviços digitais, voltado para a responsabilização de provedores
de internet e na proteção de usuários.
Uma das ideias centrais é tornar o ambiente digital mais confiável, sobretudo,
para quem é mais vulnerável a conteúdos maliciosos e até crimes como fraudes e
golpes.
Fontes ouvidas afirmam que a preocupação não é somente com o conteúdo
de terceiros, e que as discussões passam por um olhar ampliado para além das
redes sociais.
As regras de responsabilização dos provedores de plataformas partem da ideia de
que eles são responsáveis por todo conteúdo ilícito que circula nas redes e têm
a obrigação de um monitoramento ativo em casos de crimes graves.
O incentivo ao suicídio seria um exemplo de conteúdo que precisa desse
monitoramento ativo para evitar a circulação na internet, assim como casos de
racismo.
Em situações ilícitas, mas que ainda não entram nesse rol de gravidade, o que se
propõe é que uma vez que a empresa é reportada por algum usuário ou autoridade
ou a própria plataforma identificar algo errado, o conteúdo precisa ser
retirado, como o compartilhamento de imagens de nudez.
O governo também acompanha com expectativa o desfecho do julgamento sobre o
Marco Civil da Internet no Supremo Tribunal Federal (STF), que exige no artigo
19 que haja ordem judicial prévia para a retirada de conteúdos.
Hoje, as empresas podem ser responsabilizadas civilmente apenas se descumprirem
essa ordem.
A ideia é testar a receptividade da discussão no Legislativo. As propostas são
uma alternativa ampliada em relação ao PL das Fake News (PL 2630/20), que teve
as discussões enterradas na Câmara dos Deputados diante do antagonismo das
próprias big techs e da base bolsonarista na Casa.