Governo reduz bloqueio no Orçamento 2024 em R$ 1,7 bi: confira os detalhes

Governo reduz bloqueio no Orçamento de 2024 em R$ 1,7 bilhão

No ano, havia previsão de bloqueio de R$ 19,3 bi. Agora, o valor deve ficar em
R$ 17,6 bi, conforme divulgado pelo Planejamento nesta sexta

O governo federal reduziu o bloqueio em relação ao 5º bimestre em R$ 1,7 bilhão.
Com isto, o montante anual passou de R$ 19,3 bilhões para R$ 17,6 bilhões. A
medida foi publicada por meio de uma nota distribuída na noite desta sexta-feira
(29/11).

O bloqueio é uma das medidas para ajustar a relação entre arrecadação e
despesas. Neste ano, a meta fiscal é zero, ou seja, as despesas devem ser iguais
à arrecadação. No entanto, há uma margem de tolerância, de R$ 28,8 bilhões. Com
isto, o governo pode ter, na prática, um déficit deste valor.

Há exatamente uma semana (22/11), o governo federal divulgou um novo bloqueio de
R$ 6 bilhões no orçamento. O dado veio junto com o relatório de Avaliação de
Receitas e Despesas Primárias do 5º bimestre. O bloqueio de R$ 6 bilhões se
somou aos R$ 13,3 bilhões já efetivados, resultando nos R$ 19,3 bilhões.
A contabilidade estatal havia chegado ao número no início de outubro deste ano.

A medida é realizada em meio a uma crise no mercado. Após o anúncio de um ajuste
fiscal, considerado fraco pelo mercado, o dólar disparou e atingiu, nesta sexta,
o maior valor da história: R$ 6.

Matéria em atualização.

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Democracia Brasileira aos 40: entre golpistas, indiferentes e o Estado de Direito

Às vésperas de completar 40 anos, a democracia brasileira ainda coxeia, sente-se ameaçada e inspira cuidados. Deve-se louvar o golpista ou o indiferente ao Estado de Direito que sinceramente converteu-se à democracia. O Estado de Direito é aquele que assegura que nenhum indivíduo está “acima da lei”. Mas ao golpista ou ao indiferente ao Estado de Direito, não basta converter-se. Ao golpista, para que sua conversão seja reconhecida como verdadeira, há que se cobrar explicações. Pelo menos duas: por que antes foi golpista? E o que o fez mudar de posição? Há também que se cobrar um pedido público de desculpas se suas ações pretéritas causaram danos ao país.

A mesma receita deveria ser aplicada às instituições. Quantos Papas já não pediram desculpas e autorizaram o pagamento de indenizações a fiéis abusados sexualmente por sacerdotes? Não se pode dizer da Igreja Católica que ela, em algum momento, tenha estimulado o abuso. Mas pode-se dizer, sim, que ela por séculos tolerou o abuso que provocou tanto mal aos seus servos. O Estado alemão, até hoje, se penitencia pelo mal que o nazismo infligiu à Humanidade, especialmente aos 6 milhões de judeus, ciganos e outras minorias mortos em câmaras de gás.

O ministro José Múcio Monteiro, da Defesa, prega que é preciso diferenciar o CPF do CNPJ das Forças Armadas quando se discute o comportamento dos militares em relação a golpes. CPF é o Cadastro de Pessoa Física, CNPJ, o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica. O que José Múcio quer dizer: as Forças Armadas não são golpistas; mas há militares que são ou que foram. É uma sacada engenhosa do ministro para preservar a imagem da instituição, as Forças Armadas, mas se lida à luz da história, não corresponde à realidade; é apenas uma sacada oportuna.

Só pelo prazer de argumentar: dou de barato que CPFs tramaram o golpe de dezembro de 2022 para impedir a posse de Lula, e o de janeiro de 2023 para interromper seu governo mal iniciado. Mas não foram CPFs que acolheram em diversas partes do país os golpistas acampados à porta de quarteis; ali, área de segurança nacional, sem o endosso do CNPJ, ninguém acampa. Sem endosso do CNPJ, CPF não movimenta tropas e armamento pesado para retardar a prisão de golpistas como aconteceu na noite do 8 de janeiro, nem sugere uma operação para restaurar a ordem.

Foi um golpe militar que derrubou a monarquia e proclamou a República entre nós. Foi um golpe militar que levou Getúlio Vargas ao poder em 1930 e que o retirou de lá em 1945. Getúlio voltou em 1950, desta vez pelo povo popular, matando-se com um tiro no peito quatro anos depois para não ser derrubado por outro golpe. Sua morte postergou em 10 anos a ditadura de 64. A anistia de 1976, dita ampla, geral e irrestrita, perdoou os crimes dos militares que torturaram e mataram adversários do regime; esses, pagaram seus crimes com o próprio sangue. Uma anistia de araque, portanto, que serviu mais a um lado do que ao outro; uma anistia que dispensou as Forças Armadas de ao menos pedirem desculpa e de revisarem sua formação. Às vésperas de completar 40 anos, a democracia brasileira ainda coxeia, sente-se ameaçada e inspira cuidados.

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