Governo restringe publicidade de bets para proteger crianças e adolescentes

Governo restringe publicidade de bets para proteger crianças e adolescentes

O Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), emitiu um despacho na terça-feira, 19, determinando a suspensão de qualquer publicidade de jogos de apostas direcionada a crianças e adolescentes em todo o território nacional. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).
 
De acordo com a nota técnica da Senacon, a falta de regras claras para essa publicidade expõe crianças e adolescentes a um maior risco de dependência. “Diversas publicidades estão sendo realizadas por influenciadores menores de 18 anos (‘mirins’), direcionadas para crianças e adolescentes, o que demonstra indícios de afronta às garantias previstas no Código de Defesa do Consumidor”, afirmou o órgão.
 
Além disso, o despacho exige a suspensão de publicidades de recompensa, aquelas que oferecem benefícios aos clientes em troca de alguma ação realizada, como adiantamento, antecipação, bonificação ou vantagem prévia. A Senacon argumenta que essas práticas induzem consumidores sem condições financeiras imediatas ao jogo de apostas online, contribuindo para um possível superendividamento.
 
“A presença constante de anúncios, publicidades e recomendações personalizadas levam os usuários a consumirem produtos e serviços de forma impulsiva. São estímulos excessivos, aliados ao desejo de pertencimento e à pressão social que influenciam as escolhas, fazendo com que os consumidores participem reiteradamente de disputas como autoafirmação”, acrescenta o documento.
 
Multas
Empresas que descumprirem as suspensões serão multadas diariamente em R$ 50 mil, até que todas as medidas sejam integralmente cumpridas. O diretor-executivo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Igor Britto, considera a decisão “essencial” para iniciar discussões sobre a regulamentação de bets no Brasil “do zero”. “O impacto da publicidade em crianças e adolescentes é enorme, mas também é muito forte nos adultos, principalmente os mais vulneráveis, que veem na aposta uma forma de tentar melhorar de vida”, disse Britto.
 
As empresas autorizadas a operar nacionalmente têm 20 dias para cumprir as suspensões e apresentar um “relatório de transparência” sobre as medidas adotadas. Até o momento, 100 empresas estão autorizadas a operar até 31 de dezembro de 2024.
 
A medida já havia sido anunciada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), que estabeleceu a aplicação imediata de regras previstas em uma portaria do governo federal, vedando a publicidade de sites de aposta voltada a crianças e adolescentes. Fux também determinou a adoção de medidas de “proteção especial” para impedir o uso de recursos de programas assistenciais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC), em apostas online.

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PT solicita arquivamento de projeto de lei que prevê anistia a condenados por 8/1

Nesta quarta-feira, 20, o Partido dos Trabalhadores (PT) apresentou um requerimento ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, solicitando o arquivamento do Projeto de Lei (PL) nº 2.858. Este projeto prevê anistia aos condenados pela tentativa de golpe de Estado ocorrida no dia 8 de janeiro de 2022.
 
O documento foi entregue pela presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), e pelo líder do partido na Câmara, deputado federal Odair Cunha (PT-MG). Em nota, o PT avaliou que manter a tramitação do projeto é “inoportuno” e “inconveniente” para a democracia.
 
Essa posição do PT foi reforçada pelas recentes revelações, incluindo o atentado a bomba contra a sede do Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília e as conclusões da Polícia Federal no inquérito do 8 de janeiro. Estas investigações revelaram planos de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes.
 
Além de demonstrar a gravíssima trama criminosa dos chefes do golpe, a perspectiva de perdão ou impunidade dos envolvidos tem servido de estímulo a indivíduos ou grupos extremistas de extrema direita, segundo os deputados.
 

Operação da Polícia Federal

 
Na terça-feira, 19, a Polícia Federal deflagrou uma operação para desarticular uma organização criminosa responsável por planejar um golpe de Estado para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após o pleito de 2022. O plano incluía o assassinato de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin.
 
A corporação informou ter identificado um detalhado planejamento operacional, denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que seria executado no dia 15 de dezembro de 2022. Ainda estavam nos planos a prisão e a execução de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que vinha sendo monitorado continuamente, caso o golpe de Estado fosse consumado.
 
Quatro militares do Exército e um agente da Polícia Federal foram presos na operação. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, autorizou a prisão preventiva do general da reserva Mário Fernandes e dos tenentes-coronéis Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra Azevedo. Os quatro são integrantes das Forças Especiais do Exército, também conhecidos como “kibéris pretos”, altamente especializados em ações de guerrilha, infiltração e outras táticas militares de elite.
 
Também foi autorizada a prisão preventiva do agente da Polícia Federal Wladimir Matos Soares, suspeito de envolvimento no plano.

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