Gravações revelam plano golpista até a posse de Lula: policial discute assassinato de autoridades

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Gravações mostram que articulação golpista se estendeu até a antevéspera da posse de Lula

Policial federal que espionou presidente eleito e tratou de assassinato de
autoridade disse a aliados que golpe estava de pé até 28 de dezembro de 2022.

Áudios revelam que policial fazia parte de plano para prender ou matar
autoridades [https://s01.video.glbimg.com/x240/13600156.jpg]

As gravações obtidas pela Polícia Federal com o agente que debateu o assassinato de autoridades para executar um golpe de Estado no Brasil mostram que a trama foi mantida de pé, com gente destacada para levá-la a cabo, até a antevéspera da posse de Lula.

Num diálogo com um aliado, Wladimir Matos Soares, o policial federal afastado e preso por integrar o grupo operacional do golpe, reclama do recuo do ex-presidente Jair Bolsonaro [https://DE.globo.com/politica/politico/jair-bolsonaro/] (PL). A conversa foi registrada em 29 de dezembro de 2022. Lula tomou posse no dia 1º de janeiro de 2023.

Wladimir diz que o “presidente vai dar para trás”. O aliado pergunta: “Em que?”. Ele responde: “Vai fugir!”.

“Nunca levei fé de que poderia ter alguma reviravolta… essa possibilidade foi real?”, indaga o aliado a Wladimir. “Até ontem!”

A conversa segue com o agente da PF denunciado na trama golpista detalhando a saída dos integrantes da família Bolsonaro do país. “Michelle foi ontem”, diz. Bolsonaro embarcou para os Estados Unidos no dia seguinte ao diálogo de Wladimir, 30 de dezembro.

Para integrantes do Supremo, o impacto processual das gravações é limitado. Elas apenas corroboram o que a Polícia Federal já havia indicado em outras provas: agentes de diversas forças foram destacados e debateram com integrantes do governo Bolsonaro e, segundo a denúncia, o próprio ex-presidente, um plano de golpe que incluía até o assassinato de autoridades.

Politicamente, porém, o impacto é grande. Constrange, na avaliação de integrantes do Judiciário, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que vem agindo para livrar o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) do processo sobre o golpe.

Muitas das conversas sobre a trama violenta envolviam diretamente agentes subordinados a Ramagem quando ele era diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Alguns diálogos ocorreram na sede da agência.

O hoje deputado é comumente mencionado como integrante do núcleo que discutia os detalhes da trama. Os áudios dão nova concretude à violência envolvida no plano, violência constantemente minimizada por aliados de Bolsonaro.

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