Grupo Corpo 50 anos: o sucesso da dança brasileira que conquistou o mundo

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50 anos do Grupo Corpo: a dança brasileira que nasceu em casa e conquistou o mundo

Gerações se encontram em ‘Piracema’, que terá duas sessões em Uberlândia e celebra o cinquentenário de um grupo que nunca seguiu com a maré; confira entrevista com coreógrafo e bailarinas.

Rodrigo Paderneiras. Mineiro, coreógrafo, 70 anos e 50 deles dedicados à dança, especificamente a um das mais emblemáticas companhias do Brasil, o Grupo Corpo. Ao celebrar meio século do início das atividades em Belo Horizonte, o coreógrafo e um dos fundadores do grupo, concedeu uma entrevista ao Diário do Estado sobre essa trajetória disruptiva na dança brasileira.

“A grande contribuição do Grupo Corpo para a dança foi começar buscar uma forma brasileira de ser, de se mover, de dançar, de caminhar. Começamos a cavar no nosso próprio quintal ao invés de buscar coisa lá fora e quanto mais a gente cavava mais maravilhas e tesouros a gente encontrava”, disse Rodrigo.

Ele conta que quando começou a coreografar e essas coreografias começaram a ser vistas, o público adorou, mas o meio da dança não aceitou bem. “Para eles era como se estivéssemos fazendo algo pejorativo. ‘Como assim, vocês vão dançar rebolando’? Eu só podia responder ‘usando a bacia'”, ironiza.

Mas foi exatamente aí que o Corpo encontrou o seu nicho e que veio a se transformar em referência brasileira. Rodrigo conta que enquanto outros espetáculos queriam saber o que se estava fazendo na Europa, Estados Unidos ou Canadá, o Corpo voltou os olhos para o que queria ser.

“Se falava muito em dança brasileira, mas na verdade, escolhiam um tema ou um personagem brasileiro e replicavam o que era feito lá fora. Nós crescemos criando essa linguagem cantada, voltando os olhares pra nós mesmos”.

UMA ESCOLA PARA CHAMAR DE LAR

Em 1976 a casa de Isabel Pederneiras Barbosa e Manoel de Carvalho Barbosa era uma das mais movimentadas no bairro Serra, em Belo Horizonte. Os cinco filhos, quatro homens e duas mulheres, jovens inquietos apaixonados por dança, inventaram de montar um grupo. “É uma história única. De nós todos só o Paulo, arquiteto, não veio pra dança, mas namorava uma bailarina. Pedro era engenheiro e o José Luiz, médico e nenhum seguiu a profissão, meu pai quase morreu”, brinca Rodrigo.

Apesar de sério e talvez um pouquinho decepcionado, Manoel percebeu o quanto os filhos e filhas estavam envolvidos com essa história de criar uma companhia. “A gente queria mesmo começar uma escola mas não tínhamos dinheiro. Foi quando eles fizeram a ação mais gentil que já vi em toda minha vida. Nos deram a única casa que tinham para montar a escola e alugaram um apartamento”, recorda o filho até hoje muito grato.

A casa onde ficaram até 1978 foi a primeira sede do corpo, foi o alicerce que permitiu o grupo a chegar onde está, foi lá que apresentaram a primeira coreografia de Oscar Araiz, “Maria Maria” (1976) com música de Milton Nascimento e roteiro de Fernando Brant. Os pais não gostavam muito que os filhos fossem pra rua, mas podiam levar todo mundo pra casa deles.

“Meus pais foram as pessoas mais generosas que conheci. Nossa mesa sempre tinha 12, 15 pessoas que nem eram da família. Era mesa posta o dia todo. Infelizmente essa casa atualmente é um estacionamento de supermercado. Não se guarda muita história nesse país”.

O grupo cresceu, foi para uma sede de três andares onde além dos ensaios tinham também atividades pedagógicas. O interesse pelo grupo crescia a cada ano.

NADANDO CONTRA A MARÉ

O Corpo nunca foi de seguir tendências. Comemorando 50 anos em 2025, o grupo mineiro de dança tinha que fazer algo no mínimo, inédito. “Piracema” é o espetáculo que está rodando o Brasil na turnê comemorativ…

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