Grupo escolar Adolpho Arruda Mello: 100 anos de história e legado em Presidente Prudente

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Primeiro grupo escolar de Presidente Prudente completa 100 anos em 2025

Primeira instituição estadual da cidade começou em uma casa de madeira e se tornou referência na alfabetização. Historiador destaca a importância do patrimônio cultural e educacional.

O grupo escolar Adolpho Arruda Mello foi a primeira escola estadual de Presidente Prudente — Foto: Etec Professor Adolpho Arruda Mello/Reprodução

Ainda em celebração ao aniversário de 108 anos de Presidente Prudente (SP), o DE traz uma reportagem especial sobre o primeiro grupo escolar da cidade. O espaço, criado em 1925 a partir da transformação das antigas escolas reunidas, completa 100 anos em 2025.

Em meados de 1922, havia pequenas escolas, e o interesse pelos estudos cresceu rapidamente: o número de matrículas passou de pouco mais de 200, naquele ano, para quase 500. Assim, coronel Goulart viu a necessidade de expandir a educação.

Tudo começou em uma casa de madeira na Avenida Washington Luís, onde se formaram as primeiras gerações alfabetizadas da cidade, e que hoje abriga a ETEC Adolpho Arruda Mello, referência em cursos técnicos.

A instituição marcou o início da educação pública organizada na cidade.

> “Em 1924, 1925, o coronel Goulart foi em São Paulo pedir mais escola para Prudente, porque a que tinha feito logo em 1922, não era grupo escolar, era uma escola que tinha duas classes, femininas e duas classes masculinas. Com isso, foi expandido e fez o grupo escolar, sendo o primeiro Grupo Escolar em Presidente Prudente”, contou Benjamin.

Em entrevista ao DE, o escritor e historiador Benjamin Resende explicou o início da escola e a relação com o desenvolvimento da cidade.

Segundo o historiador, a oficialização do grupo escolar aconteceu em 1939, após a construção de um prédio atrás da Catedral. O terreno foi cedido pelo coronel Goulart e a obra realizada pelo coronel Brizola, consolidando a junção de pequenas classes espalhadas pela cidade.

A iniciativa partiu de Dona Isabel, esposa do coronel Goulart, que cobrava a criação de um espaço para alfabetizar as crianças prudentinas.

ESTRUTURA

O grupo escolar Adolpho Arruda Mello foi a primeira escola estadual de Presidente Prudente — Foto: Etec Professor Adolpho Arruda Mello/Reprodução

Nos primeiros anos, a escola Arruda Mello atendia do 1º ao 4º ano primário, com turmas inicialmente separadas entre meninos e meninas. Depois, por necessidade, as classes passaram a ser mistas.

Alguns professores vieram de Campinas e Tietê, já que a cidade ainda não formava profissionais da educação. Entre os pioneiros está a professora Dona Nina Brandão, uma das primeiras a lecionar no município.

Assim, o grupo escolar deu uma ascensão social para a cidade, trazendo professoras e professores. Além de preparar para a continuidade dos estudos em colégios como o Fernando Costa, inaugurado em 1941, a escola era motivo de orgulho para as famílias.

> “À medida que o grupo escolar ia formando uma classe, a cidade ficava feliz, ficava entusiasmada, fazia festa de ter uma escola que dava instrução para os seus filhos. E todos os habitantes queriam que seus filhos estudassem numa escola. Essa escola, padronizada do jeito que era ela, sustentava a cultura de Prudente”, relembrou Benjamin.

QUEDA

Em 2008, a escola atendia mais de 1.100 alunos, mas, no ano seguinte, o total caiu para cerca de 600. A pouca procura levou o governo do Estado a rever a função do colégio.

Com um prédio amplo e bem localizado, a decisão foi transferir o espaço para o Centro Paula Souza, que já utilizava parte da estrutura desde 2009 para cursos técnicos de marketing e contabilidade.

A partir da mudança, que aconteceu em 2011, o colégio passou a oferecer Ensino Médio com Habilitação Profissional e cursos técnicos articulados às demandas do mercado.

ETEC

Desde então, a unidade se consolidou como referência na formação de jovens e adultos, fortalecendo a relação com empresas e instituições da região para ampliar as oportunidades de estágios e inserção no mundo do trabalho.

Também em entrevista ao DE, o superintendente da escola, professor doutor Matheus Monteiro de Lima, falou sobre a mudança ter sido marcante.

> “Ainda há resquícios da antiga Escola Estadual Professor Adolpho Arruda Mello, mesmo após 14 anos e, seguimos trabalhando para apresentar nosso melhor Ensino Público de Presidente Prudente”, afirmou.

A Etec começou apenas com cursos técnicos e, ao longo dos anos, ampliou sua atuação. Atualmente, além do Ensino Médio com Habilitação Profissional em áreas como Administração, Marketing e Informática para Internet, a escola oferece oito cursos técnicos presenciais:

– Administração;
– Contabilidade;
– Recursos Humanos;
– Redes de Computadores;
– Serviços Jurídicos.

Além de classes descentralizadas em Álvares Machado, Martinópolis, Pirapozinho e Taciba.

IMPACTO NA COMUNIDADE

O fortalecimento da qualificação profissional abriu novas perspectivas para os jovens prudentinos.

Segundo Matheus, ex-alunos já conquistaram vagas em universidades públicas concorridas, participaram de intercâmbios culturais, abriram seus próprios negócios e foram efetivados no mercado de trabalho após experiências de estágio.

Projetos internos também se tornaram referência. Entre eles, o AprovETEC, cursinho preparatório oferecido por alunos da própria escola, o Etec Plus, com professores que ministram aulas extras aos sábados para preparação de vestibulares e olimpíadas e o Etec Solidária, que arrecada alimentos e produtos de higiene para famílias em situação de vulnerabilidade.

ESTRUTURA E MODERNIZAÇÃO

Atualmente, a unidade passa por uma das maiores reformas de sua história. Com investimento de mais de R$ 11 milhões, iniciado em novembro de 2024, o objetivo é modernizar e expandir a infraestrutura, garantindo um espaço mais acessível e seguro para toda a comunidade escolar.

Na área pedagógica, a adaptação aos avanços tecnológicos tem sido constante. A escola aposta na capacitação docente, no uso de metodologias ativas e no incentivo ao empreendedorismo, sempre buscando alinhar ensino e mercado de trabalho.

FUTURO E LEGADO

Neste ano de 2025, a instituição completa 100 anos. Para quem trabalha na escola, fazer parte da história é uma honra.

> “É um privilégio fazer parte dessa história e saber que temos a oportunidade de continuar escrevendo para os próximos 200 anos, 300 anos. Nosso trabalho representa o fortalecimento do compromisso com a formação de cidadãos prudentinos e região, onde reunimos o ensino, desenvolvimento, além de histórias, memórias e legado de inúmeras gerações”, afirmou.

Para complementar, ele relatou que o desafio para os próximos anos é oferecer educação pública de qualidade, consolidando a escola como referência em formação integral, inovação e desenvolvimento tecnológico.

> “Desejamos que a Etec Professor Adolpho Arruda Mello continue sendo referência em educação pública de qualidade, impulsionando ideias, projetos e soluções que beneficiem não apenas os alunos, mas toda a comunidade prudentina, contribuindo para o desenvolvimento socioeconômico local e regional”, completou.

O historiador também finaliza explicando que o impacto do Arruda Mello foi além da alfabetização básica. A escola inaugurou uma cultura de valorização do ensino em uma cidade que ainda tinha pouca infraestrutura.

A partir dela, vieram novas instituições, como o Ginásio Estadual Fernando Costa (atualmente conhecido como IE E.E. Fernando Costa) e o curso normal, na década de 1940, responsável por formar professoras prudentinas que antes precisavam vir de outras regiões.

Outras instituições de peso também nasceram a partir desse movimento, como o Colégio das Irmãs (atualmente conhecido como Colégio Cristo Rei) e o Colégio São Paulo (atualmente conhecido como Colégio SP Mackenzie).

> “O grande legado da escola primária do Arruda Mello foi dar condições de uma população pequena aprender a ler, escrever, contar e assumir a responsabilidade do seu dia a dia”, finalizou Benjamin.

Colaborou sob supervisão de Stephanie Fonseca

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