DE avaliação dos produtores de soja dos EUA, a guerra comercial com China pode beneficiar o Brasil. Desde que tomou posse para um segundo mandato nos EUA, Trump anunciou tarifas de 25% sobre importações do México e do Canadá, além de tarifa adicional de 10% sobre importações chinesas. No entanto, uma nova guerra comercial entre os Estados Unidos e a China pode ampliar as dificuldades econômicas dos produtores de soja norte-americanos, que ainda não se recuperaram completamente dos conflitos tarifários de 2018, no primeiro governo de Donald Trump, disse em nota a American Soybean Association (ASA).
Com a aplicação de tarifas pelos EUA, produtores de soja do Brasil e de outros países com colheitas abundantes estarão “prontos para atender qualquer demanda resultante do embate”. Segundo o presidente da entidade, Caleb Ragland, a soja e seus produtores enfrentam impactos enormes e desproporcionais devido às interrupções no fluxo de comércio, principalmente para a China, que é o maior mercado dos Estados Unidos.
Ragland expressou que os agricultores estão frustrados com as medidas tarifárias de Trump e ressaltou que os associados não apoiam o uso de tarifas como tática de negociação. No comunicado, a ASA destacou que o México é o segundo maior comprador da soja em grãos, de farelo e de óleo dos EUA, enquanto o Canadá é o quarto maior cliente para o farelo. Além disso, os EUA importam do Canadá boa parte do potássio que utiliza, além de outros insumos agrícolas e equipamentos.
Diante desse cenário, a American Soybean Association pediu que a administração “reconsidere essas tarifas e as potenciais tarifas futuras mencionadas pelo presidente Trump, além de continuar as negociações com os três países que incluam soluções não tarifárias”. A situação torna-se ainda mais complexa quando se observa que os canadenses planejam tarifar em 25% cerca de US$ 100 bilhões em importações dos EUA, enquanto a China aplicará tarifas retaliatórias de 10% sobre a soja, além de restringir o acesso ao mercado, e o México prometeu adotar medidas retaliatórias, que ainda não foram divulgadas.
Trump recentemente adiou a cobrança de tarifas de 25% sobre carros importados do Canadá e do México por um mês, e também postergou até pelo menos 2 de abril a aplicação de novas alíquotas para produtos mexicanos e canadenses que constam no Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA). Entretanto, as tarifas impostas à China permanecem em vigor. Essa instabilidade nas relações comerciais entre os países afeta diretamente o mercado global de soja e pode repercutir de maneira positiva para o Brasil, visto que o país está se tornando uma alternativa importante para suprir a demanda desse produto decorrente dos conflitos tarifários.