A megaoperação que transformou o Rio em um cenário de guerra com mais de 100 mortos foi mais do que uma ação policial: foi uma isca lançada pela direita, e o PT a mordeu com voracidade. Enquanto a oposição, encurralada pela PEC da Bandidagem e pela iminente prisão de Bolsonaro, precisava urgentemente virar o jogo, o governador Cláudio Castro (PL) – que em 2022 admitiu que faria “uma operação por semana” se seguisse pesquisas – acionou o botão do pânico. A tática é clássica: criar um fato político de grande impacto, forçando o adversário a reagir. E o PT reagiu como previsto. Lindbergh Farias caiu na armadilha ao questionar publicamente a “intenção abjeta” da operação, enquanto a bancada petista criticava o “derramamento de sangue”. O resultado? A direita, que estava na defensiva, agora dita o tema: quem é a favor da polícia e quem é a favor do bandido. Em um país com a sensibilidade security ferida, a população dificilmente ficará do lado de quem fala em direitos humanos durante um massacre, ainda que a letalidade seja historicamente condenável. A operação pode não ter desarticulado o crime, mas conseguiu uma bandeira para tentar virar a corrida presidencial.




