Gustavo Gayer já foi condenado por assédio eleitoral e discriminação racial

Deputado federal Gustavo Gayer, pré-candidato a prefeito de Goiânia, divulga imagens de colegas parlamentares que votam diferente dele em projetos polêmicos

O deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) foi alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) na sexta-feira, 25, por suspeita de desviar recursos públicos por meio de cotas parlamentares. A investigação, autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mira Gayer e seus assessores, que teriam usado recursos da Câmara para manter uma Organização de Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) supostamente criada com documentos falsos.

Durante a operação, a PF cumpriu 19 mandados de busca e apreensão em Brasília e em quatro cidades de Goiás, berço político do parlamentar. Os agentes apreenderam 72 mil reais em espécie na casa de um assessor do deputado. A PF suspeita que Gayer teria desviado recursos de verbas parlamentares para financiar suas próprias empresas, incluindo a escola de inglês Gayer Language Institute e a loja Desfazueli em Goiânia.

Este não é o primeiro envolvimento de Gayer em controvérsias. Ele já foi condenado por assédio eleitoral e enfrenta denúncias de discriminação racial e discurso de ódio. Em 2022, Gayer foi condenado pela 7ª Vara do Trabalho de Goiânia a pagar 80 mil reais de indenização por coagir funcionários a votar no então presidente Jair Bolsonaro (PL). A decisão apontou conduta de “assédio moral eleitoral” e “desrespeito ao ordenamento jurídico”.

Gayer também viralizou em 2022 ao comparar a população nordestina a uma “galinha que corre atrás de migalhas” durante um evento na Bahia, gerando revolta entre nordestinos e figuras da oposição. Além disso, ele teve sua conta na rede social X suspensa após divulgar uma live com um argentino que propagou fake news sobre as urnas eletrônicas.

Em julho de 2023, Gayer foi denunciado ao STF por discriminação racial e preconceito contra a população negra e estrangeira, após declarações feitas durante uma entrevista. As deputadas do PSOL Erika Hilton (SP), Luciene Cavalcante (SP), Célia Xakriabá (MG) e Talíria Petrone (RJ) formalizaram a ação junto à Procuradoria-Geral da República.

Investigação

A operação da PF revelou um suposto esquema criminoso envolvendo a criação de entidades fictícias e a falsificação de documentos. A OSCIP ligada ao grupo foi criada com uma ata de constituição falsificada e com data retroativa, incluindo em seu quadro social crianças de 1 a 9 anos. A investigação aponta para possíveis crimes de associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documentos e peculato.

Gayer negou as acusações e criticou a operação, alegando que ela foi deflagrada às vésperas do segundo turno da eleição municipal para prejudicar seu candidato em Goiânia, Fred Rodrigues (PL). A assessoria do deputado questionou a timing da operação, argumentando que ações judiciárias não devem interferir diretamente na política local.

 

🔔Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

PF afirma que Bolsonaro já planejava golpe e fuga desde março de 2021

Bolsonaro Planejou Golpe e Fuga desde 2021

A Polícia Federal (PF) concluiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro deixou o Brasil no final de 2022 para evitar uma possível prisão e aguardar o desfecho dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Essa informação consta em um relatório no qual a PF indiciou Bolsonaro e mais 36 acusados por golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

Em dezembro de 2022, nos últimos dias de seu mandato, Bolsonaro viajou para os Estados Unidos e retornou somente em março de 2023. A PF descobriu um plano de fuga elaborado em 2021, destinado a ser executado caso o ataque de Bolsonaro ao Poder Judiciário e ao regime democrático sofresse algum revés que colocasse sua liberdade em risco.

Durante as investigações, a PF encontrou no computador de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e um dos delatores, uma apresentação de PowerPoint com estratégias para a implantação de uma rede de auxílio à fuga e evasão. Este plano previa o uso de armamento para garantir a fuga. O relatório da PF aponta que o plano de fuga foi adaptado após o grupo não conseguir implementar um golpe de Estado em 2022.

“O plano de fuga foi adaptado e utilizado no final do ano de 2022, quando a organização criminosa não obteve êxito na consumação do golpe de Estado”, afirma o documento. A PF concluiu que “Jair Bolsonaro, após não conseguir o apoio das Forças Armadas para consumar a ruptura institucional, saiu do país para evitar uma possível prisão e aguardar o desfecho dos atos golpistas do dia 8 de janeiro de 2023”.

A defesa de Bolsonaro ainda não se manifestou sobre as acusações. No entanto, em uma coletiva de imprensa, Bolsonaro declarou que “nunca discutiu golpe com ninguém” e que todas as medidas tomadas durante seu governo foram feitas “dentro das quatro linhas da Constituição”.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp