Haroldo Costa, um verdadeiro ícone dos palcos, da TV, das letras e do carnaval, será velado nesta segunda-feira após uma longa trajetória marcada pela leveza no trato e um sorriso permanente no rosto. Aos véspera de completar 95 anos, o multitalentoso artista concedeu uma entrevista ao pesquisador Pedro Paulo Malta, onde afirmou que a idade não pesava para ele. Sua presença na cultura nacional, especialmente afro-brasileira, deixou um rico legado que será lembrado e celebrado durante o velório no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju.
Nascido na Piedade, no Rio de Janeiro, Haroldo Costa se mudou para Maceió aos 2 anos e retornou à cidade natal aos 10, onde começou a estudar no Colégio Pedro II e se interessou pelo movimento estudantil, chegando a presidir a Associação Metropolitana dos Estudantes Secundaristas (AMES). Sua militância e paixão pelas artes o levaram ao Teatro Experimental do Negro, fundado por Abdias Nascimento, iniciando assim sua jornada nos palcos.
No âmbito teatral, Haroldo Costa fundou o Teatro Folclórico Brasileiro, posteriormente chamado de Brasiliana, que se apresentou em diversos países da América do Sul e da Europa. Seu papel mais importante foi como protagonista na peça “Orfeu da Conceição”, de Vinicius de Moraes, realizado em 1956. Além do teatro, ele se destacou no carnaval, sendo salgueirense de coração e comentarista renomado, participando também do júri do Estandarte de Ouro.
Como diretor e produtor de rádio e TV, Haroldo Costa contribuiu significativamente para a cultura brasileira, escrevendo livros como “Salgueiro: Academia de samba” e “Fala, crioulo!”, que abordam questões importantes da sociedade. Ele estava nos ajustes finais de seu oitavo livro quando faleceu no último sábado, vítima de complicações de saúde. Sua viúva, Mary Marinho, era sua companheira há mais de 50 anos e lamenta a perda desse grande mestre.
A despedida de Haroldo Costa foi marcada por homenagens de diversas instituições e autoridades, como a Acadêmicos do Salgueiro, o prefeito Eduardo Paes e o governador Cláudio Castro. Seu legado como guardião do samba, do carnaval e da cultura afro-brasileira será eternizado na memória de todos que o conheceram e admiraram sua contribuição para as artes. Sua partida deixa uma lacuna no cenário cultural do país, mas seu legado continuará vivo.




