Hecad integra rede estadual de doação e transplantes de órgãos

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A doação de órgãos em crianças é um tema que envolve não apenas critérios médicos e legais, mas, principalmente, uma profunda carga emocional para as famílias. Perder um filho é, para muitos, a experiência mais devastadora que se pode viver.

Neste contexto de dor extrema, o convite à doação de órgãos surge como uma decisão urgente, que precisa ser tomada em um curto espaço de tempo, o que pode gerar insegurança, resistência e até sensação de invasão emocional.

No Brasil, há aproximadamente 1.200 crianças esperando por doação de órgãos. No início deste ano, o Hecad integrou oficialmente a rede estadual de doação e transplantes de órgãos, coordenada pela Central de Transplantes do Estado de Goiás, com a primeira captação de rins da unidade.

A fila pediátrica é ainda mais sensível que a de adultos, pois o nível de aptidão para a doação considera, além da compatibilidade sanguínea, o peso e o tamanho do doador, fatores cruciais para o sucesso dos transplantes infantis.

De acordo com a Coordenadora de Enfermagem do Hecad e Vice-Presidente da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott), Bruna Costa, o momento do luto imediato é particularmente sensível.

“A emoção é intensa, e o tempo para refletir é curto. Os pais estão tentando lidar com uma realidade impensável: a morte de um filho. Pedir que, nesse instante, eles tomem uma decisão tão séria quanto à doação de órgãos exige, por parte dos profissionais, não apenas conhecimento técnico, mas, sobretudo, sensibilidade e empatia”, explica.

A insegurança em torno do diagnóstico de morte encefálica, o desconhecimento sobre os processos legais e a própria dificuldade em aceitar a irreversibilidade da perda contribuem para que muitas famílias recusem a doação.

A gerente da Central de Transplantes de Goiás, Katiúscia Freitas, também enfatizou que a entrada do Hecad na rede estadual de doação e transplantes de órgãos representa um avanço significativo para o estado e uma contribuição essencial para a fila do Sistema Nacional de Transplantes (SNT).

Katiúscia destaca que a unidade é referência em pediatria e que doações pediátricas atendem a uma lista nacional específica da pediatria, que atualmente tem cerca de 1.200 crianças e adolescentes.

“A doação de órgãos nesta unidade demonstra a qualificação da equipe, o compromisso, a humanização do atendimento e o acolhimento aos familiares”.

A Cihdott do Hecad atua justamente nesse ponto crítico. O trabalho vai muito além da identificação de possíveis doadores: trata-se de acolher as famílias, respeitar seu tempo e suas dores, e oferecer informações claras e acolhimento emocional.

“Nosso papel é estar presente com respeito e escuta ativa. Não se trata de convencer, mas de apoiar e informar, com toda a delicadeza que o momento exige, que ainda é possível salvar outras vidas”, complementa Bruna.

Além da preparação técnica, o Hecad investe na humanização do atendimento e na formação de suas equipes para lidar com o luto e com as complexidades psicológicas envolvidas na doação pediátrica. Isso porque o sofrimento emocional, quando não acolhido, pode se transformar em mais um trauma para essas famílias.

No Brasil, a autorização para a doação de órgãos em menores de 18 anos deve ser feita pelos pais ou responsáveis legais, conforme a Lei nº 9.434/1997. No caso das crianças, o diagnóstico de morte encefálica exige cuidados redobrados e protocolos rigorosos, garantindo a segurança e a precisão do processo.

O Hecad reafirma, neste Dia Nacional da Doação de Órgãos, que a conscientização sobre o tema precisa ir além da informação técnica, ela deve também alcançar o coração das pessoas. Afinal, doar órgãos é um ato de amor, mas também um ato de coragem, especialmente quando nasce em meio à perda.

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