Em meio à busca por proteção financeira, a volatilidade do dólar tem impulsionado as operações de hedge cambial em diferentes mercados. O Ouribank, por exemplo, registrou um crescimento significativo de 352% nas operações ao longo do primeiro bimestre deste ano. O dólar encerrou o ano de 2024 com um aumento de cerca de 27% em relação ao real, mas no primeiro trimestre de 2025, a divisa norte-americana apresentou uma baixa de 7,65%. Em apenas um dia, na última sexta-feira (4), o dólar teve um salto de 3,72%.
A incerteza tem marcado o mercado de câmbio, com os olhares voltados não apenas para o cenário doméstico, mas também para fatores externos, como a política tarifária de Donald Trump. Diante desse cenário instável, as empresas têm buscado se proteger e garantir uma maior previsibilidade por meio de operações de hedge cambial. Essa estratégia consiste em fixar uma taxa de câmbio entre as partes de um contrato, visando proteger os investimentos até a conclusão do negócio.
No Ouribank, as operações de hedge cambial totalizaram R$ 9,5 bilhões em janeiro e fevereiro, com um aumento expressivo de 352% em comparação ao mesmo período do ano passado. Foram realizadas 2,2 mil transações, representando um salto de 320%. Entre os instrumentos mais utilizados estão o Non-Deliverable Forward (NDF), responsável por aproximadamente 70% do volume, e as travas de câmbio, que correspondem aos outros 30%.
O superintendente executivo comercial do Ouribank, Izzy Politi, destaca a importância do hedge cambial diante da volatilidade do mercado. Segundo ele, a valorização do dólar impacta diretamente nas operações das empresas, especialmente daquelas que lidam com importações. O mecanismo de hedge surge como uma maneira de garantir a estabilidade dos preços dos produtos importados, evitando o impacto da inflação.
Apesar dos desafios apresentados pelo cenário externo, a projeção é de que a procura por operações de hedge cambial continue crescendo. A expectativa do Ouribank é que, até 2025, o volume de hedge quadruplique em relação ao ano anterior. Politi ressalta que, mesmo diante da incerteza geral, é fundamental que as empresas se protejam também em relação ao cenário fiscal e ao movimento de alta dos juros.
Com a perspectiva de um cenário volátil em 2025 e a possibilidade de maior instabilidade devido às eleições de 2026, a busca por proteção por parte das empresas deve se intensificar. A projeção é de que a tendência de aumento das operações de hedge cambial se mantenha forte, impulsionada pelas incertezas do mercado e pela necessidade de garantir a estabilidade financeira em meio às oscilações do dólar.