Heleno e Bolsonaro defendem transição pacífica em ação penal por tentativa de golpe

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Defesas de Heleno e Bolsonaro tentam enfraquecer narrativa ‘golpista’ com ideia de transição pacífica

Advogados de ex-chefe do GSI e do ex-presidente questionaram testemunhas sobre eventuais resistências a transição para governo Lula.

As defesas do ex-presidente Jair Bolsonaro e do general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), questionaram nesta segunda (26) testemunhas de defesa dos réus sobre a transição governamental da antiga gestão para o governo Lula.

Ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general da reserva Augusto Heleno. — Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Bolsonaro e Heleno são réus em uma ação penal que apura a tentativa de um golpe de estado articulada pelo então governo Bolsonaro. A fase de depoimentos no processo começou na semana passada.

Nesta segunda, foram ouvidas testemunhas de defesa de Heleno. Uma delas era testemunha comum ao general e a Bolsonaro.

Os advogados fizeram perguntas sobre eventuais ordens de Heleno e Bolsonaro para dificultar a transição de governo. Todos os ouvidos disseram que não haviam sido orientados e não sabiam de determinações nesse sentido.

“Não, a orientação dele é que procedêssemos à transição normalmente”, afirmou o Brigadeiro Osmar Lootens Machado, ao ser questionado pela defesa de Heleno sobre falta de transparência ou resistência do general à transição para o governo Lula.

Testemunhas indicadas pelas defesas de acusados de tentativa de golpe prestam depoimento

O ex-secretário-executivo do GSI General Carlos José Russo Penteado afirmou que Heleno orientou os subordinados a cumprir as determinações sobre a transição “de forma institucional”.

“Nenhum atrito e nenhuma resistência. Apresentamos o gabinete e tudo transcorreu normalmente do ponto de vista do secretário-executivo”, afirmou.

O ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga também foi perguntado sobre o tema, mas pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro. “A transição aconteceu conforme a legislação”, afirmou no depoimento.

Depoimentos

Os depoimentos estão previstos para terminar no dia 2 de junho. Ao todo, foram indicadas 82 testemunhas – mas nem todas estão obrigadas a comparecer.

Heleno integra, ao lado de Bolsonaro, o chamado núcleo crucial da tentativa de golpe. Ele responde pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado democrático de direito e organização criminosa.

Núcleo crucial do golpe, segundo o STF — Foto: TV Globo/Reprodução

Dentre os materiais encontrados na casa do general Augusto Heleno foram identificadas anotações manuscritas, em uma agenda com a logomarca da Caixa Econômica Federal, sobre o “planejamento prévio da organização criminosa de fabricar um discurso contrário às urnas eletrônicas”, na avaliação da PGR.

Denúncia

Na denúncia, a PGR cita que o general incitou publicamente a intervenção da Forças Armadas e que as investigações revelaram importante papel do ex-chefe do GSI na construção e direcionamento de mensagens contra as urnas difundidas pelo então presidente Jair Bolsonaro.

Heleno ao lado do deputado Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, teriam atuado em conjunto na preparação de narrativa de Bolsonaro.

Também foram encontrados “documentos relacionados a supostas inconsistências e vulnerabilidades das urnas eletrônicas, para servirem às mensagens infundadas propagadas por Bolsonaro”. A PGR diz que Heleno “tinha pleno domínio sobre as ações clandestinas realizadas pela célula.”

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