Historiador argentino afirma que Bolsonaro “será lembrado como mentiroso”

O historiador argentino Federico Finchelstein, autor do livro “Uma breve História das mentiras fascistas”, da editora Vestígio, apontou o presidente Jair Bolsonaro como “um dos líderes mais mentirosos da História”. 

Ele definiu que o presidente se comporta como líder de uma seita religiosa e sua visão da História é vista como “um artigo de fé”. “Em regimes totalitários, a mentira adquire um caráter distinto, vai além da pura retórica, e passa a ser tratada como verdade absoluta, tornando a política violenta e assassina. A mentira fascista está de volta com políticos como Bolsonaro, que não só mente, mas também tenta tornar a realidade parecia com as mentiras que conta”, disse o historiador em entrevista ao jornal O Globo. 

“Ao analisarmos os discursos de Hitler e Mussolini, ou de Trump e Bolsonaro, percebemos que eles não se importam com o relato histórico, mas criam algo parecido com o texto litúrgico de uma religião política, que nada tem a ver com fatos e, portanto, não pertence mais ao campo da História. Os mentirosos fascistas distorcem o passado, criando uma ficção que tomam por verdade absoluta, como se fosse um artigo de fé. Criam um mito”, disse o historiador e professor da New School for Social Research, em Nova York (EUA).

“Como latino-americano, considero uma catástrofe o que está acontecendo no Brasil. Como um país que era líder regional em política sanitária pode estar em uma situação tão terrível? O futuro vai recordar líderes como Bolsonaro, (Viktor) Orbán (primeiro-ministro da Hungria), (Narendra) Modi (primeiro-ministro da Índia) e Bolsonaro como alguns dos líderes mais mentirosos da História, como criminosos causaram grandes catástrofes”, destaca.

Foto: Carolina Antunes 

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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