HMI promove primeiro simpósio com foco em violência sexual e de gênero

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), violência sexual é o uso de coerção em qualquer ato sexual ou tentativa de obter a prática; investidas ou comentários indesejáveis sobre o assunto; tráfico humano; ou qualquer outra forma contra a sexualidade de uma pessoa. A violência pode atingir mulheres, crianças, jovens e, inclusive, homens, além de haver a possibilidade de ser praticada por qualquer pessoa, independente da relação com a vítima, e pode acontecer em qualquer cenário, não somente na rua, mas também em casa ou no trabalho.

No Brasil, os atendimentos a vítimas de violência sexual, física ou psicológica em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) somam, por ano, 147.691 registros – 405 por dia, ou um a cada quatro minutos, segundo dados do Mapa da Violência, um dos mais respeitados anuários de violência do país, divulgado em 2016. As estatísticas foram reunidas com base no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde no ano de 2015, que registra os atendimentos na rede do SUS. Segundo uma pesquisa feita ano passado pelo Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), no Centro-Oeste, 84% das pessoas têm medo de sofrer algum tipo de violência.

De acordo com o levantamento da coordenação de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA), que faz parte da Superintendência de Vigilância e Saúde do Estado de Goiás (Suvisa), 5.727 pessoas foram vítimas de violência física, sexual ou psicológica durante o ano de 2016 em Goiás. Desse número, 1.219 sofreram violência sexual, sendo que 1.050 vítimas são do sexo feminino e 169 do sexo masculino. Ainda segundo a Viva, em Goiânia, o registro de abuso sexual foi feito por 522 pessoas. Nos quatro primeiros meses de 2017, já houve 465 notificações dessa mesma violência em todo o estado. Porém, estima-se que o número seja ainda maior, haja vista que grande parte das vítimas não registram ocorrência e sequer buscam por atendimento.

O assunto será discutido como uma questão de saúde pelo Hospital Materno Infantil (HMI) no dia 12 de maio (sexta-feira), das 8h às 18h30min, durante o I Simpósio de Violência Sexual e de Gênero da unidade. O evento contará com mesas redondas e palestras ministradas por profissionais e pesquisadores da temática do simpósio de Goiás e convidados. O debate envolverá discussão sobre atendimento clínico das vítimas de violência; gênero; acolhimento e atenção; aborto legal; e assistência psicológica.

Outro ponto a ser enfatizado é a humanização no atendimento dessas vítimas, uma vez que a assistência aos casos de violência sexual requer a sensibilização de todos os colaboradores do serviço de saúde. “É necessário que haja uma reflexão coletiva e ternura sobre a questão da violência de gênero e sexual; sobre as dificuldades que as vítimas enfrentam para denunciar esse tipo de crime; os direitos assegurados pelas leis brasileiras e sobre o papel do setor da Saúde para que haja uma ampliação no atendimento dessas vítimas”, frisa o psicólogo Ronaldo Celestino, organizador do evento.


AAVVS

No Ambulatório de Apoio de Vítimas de Violência Sexual (AAVVS) do HMI, por mês, passam em média 193 vítimas, dos sexo feminino e masculino, após sofrerem algum tipo de violência, de forma espontânea ou encaminhadas por delegacias, unidades básicas de saúde, conselhos tutelares ou pelo Ministério Público. Desse número, a maior procura é de mulheres com mais de 18 anos, representando 43%, seguido de adolescentes do sexo feminino, responsáveis por 23% dos atendimentos.

Segundo a coordenadora o AAVVS, Marce Divina, a violência mais comum atendida no ambulatório é a sexual. “Em todos os casos são oferecidos acompanhamento multidisciplinar e apoio psicológico. O ambulatório presta atendimento integral às mulheres, homens, adolescentes e crianças vítimas de violência sexual que chegam ao HMI para receber um atendimento e tratamento diferenciado”.

*Informações da Assessoria de Comunicação do HMI

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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