Idoso resgatado no Ceará trocava trabalho pesado em mina por abrigo em barraco
precário, diz secretaria
Idoso vivia em barraco, dentro da pedreira, sem banheiro em condição considerada
trabalho análogo à escravidão. Empresa foi notificada e procedeu com pagamento
de verbas indenizatórias.
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Ceará [https://s01.video.glbimg.com/x240/14073036.jpg]
Homem de 61 anos é resgatado de trabalho análogo à escravidão em pedreira no
Ceará
Um homem de 61 anos em condição análoga à escravidão foi resgatado de um mina de
granito, em Juazeiro do Norte, por auditores-fiscais do Trabalho. O trabalhador
vivia em um barraco dentro da pedreira, sem banheiro e sem acesso direto a água
potável. O resgate ocorreu dia 27 de outubro, mas as informações foram
divulgadas nesta semana.
Ainda conforme a fiscalização, o trabalho pesado na mina não tinha remuneração.
Em troca, ele recebia o abrigo precário para dormir.
De acordo com a equipe de fiscalização da Secretaria de Inspeção do Trabalho
(SIT), a mina onde o homem estava havia sido oficialmente desativada pelas
autoridades ambientais, mas ainda assim ele foi enviado ao local para realizar a
extração das pedras manualmente.
Os auditores fiscais descobriram que o G1 vivia na pedreira há cerca de
três anos, em um barraco de lona sustentado por galhos, sobre o chão batido, sem
banheiro e sem local para alimentação.
O G1 dormia em uma rede, em meio a materiais de trabalho, alimentos e
pertences pessoais. Como não há banheiro, as necessidades fisiológicas eram
realizadas no mato, e o banho tomava-se com baldes e canecas, atrás do barraco.
O local não tinha acesso direto a água potável – a água que o trabalhador bebia
e usava no preparo das refeições era trazida pelo empregador, quando este o
visitava. O líquido era armazenado em vasilhas sem higienização e consumida sem
qualquer tipo de filtragem ou tratamento.
Ao inspecionar as condições de trabalho, os auditores descobriram que ele
realizava o corte e desmonte das rochas manualmente, com ferramentas
rudimentares e explosivos artesanais detonados por um fio elétrico conectado a
uma bateria de carro, prática considerada de alto risco.
À equipe, o trabalhador contou que não utilizava Equipamentos de Proteção
Individual (EPI). A remuneração era feita por produção. Já com 61 anos, o homem
disse sentir fortes fortes nas costas, por isso não conseguia mais produzir o
suficiente para garantir seu próprio sustento.
Ele não tinha passado por exame médico e não possuía qualquer vínculo formal de
emprego. O auditor fiscal Maurício Krepsky, que participou da operação, disse
que a empresa responsável pelo local foi notificada e procedeu com o pagamento
das verbas indenizatórias ao trabalhador.
O resgate do trabalhador fez parte de uma série de inspeções interestaduais
coordenadas pela Secretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) entre os dias 26 de
outubro e 5 de novembro, nos estados do Ceará, Piauí e Pernambuco.
⚠️ COMO DENUNCIAR? Existe um canal específico para denúncias de trabalho análogo
à escravidão: é o Sistema Ipê, disponível pela internet. O denunciante não precisa se identificar, basta acessar o sistema
e inserir o maior número possível de informações.
As denúncias também podem ser feitas pelo Disque 100, serviço telefônico
gratuito e anônimo para relatos de violações de direitos humanos no Brasil. A
ideia é que a fiscalização possa, a partir dessas informações do denunciante,
analisar se o caso de fato configura trabalho análogo à escravidão.




