Homem espancado até a morte após acusação falsa de estupro em Juiz de Fora: entenda o caso e as investigações

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Arranhão de cachorro, 13 agressores e pedradas: entenda como um catador de recicláveis foi morto após suposto estupro de criança em MG

Elvis Cleiton da Silva Batista, de 38 anos, foi morto no dia 10 de janeiro, em Juiz de Fora. Segundo a Polícia Civil, a vítima era inocente e não teria violentado a criança, como supunham os agressores. A mãe da menina, o noivo e o sogro dela foram presos e indiciados pelo crime de tortura.

Homem é espancado até a morte por populares em Juiz de Fora

A apuração da Polícia Civil de Juiz de Fora concluiu que a morte do catador de recicláveis Elvis Cleiton da Silva Batista, de 38 anos, foi cometida injustamente e descartou o suposto estupro de uma menina de 9 anos, que fez uma multidão agredi-lo.

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O linchamento aconteceu na noite do dia 10 de janeiro, no Bairro Santa Cecília, em Juiz de Fora, mas a vítima era inocente, segundo a Polícia Civil de Juiz de Fora. Os detalhes da investigação foram divulgados durante coletiva de imprensa realizada na segunda-feira (3).

Ainda conforme a polícia, a vítima era conhecida por todos no bairro, e não tinha histórico de crimes violentos.

Em poucos minutos, Elvis foi espancado, apedrejado e morto no meio da rua por parentes e vizinhos que o acusaram de estuprar uma menina. Ele, que estaria indo para um pagode, chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital.

Até o momento, 13 pessoas que aparecem nas imagens foram identificadas. Dessas, três são adolescentes e responderão por ato infracional análogo ao homicídio.

Dos 10 adultos envolvidos, todos foram indiciados por tortura, incluindo a mãe da menina, o noivo e o sogro dela, presos no dia do crime. Destes, seis estão presos e quatro foragidos.

INFORMAÇÕES FALSAS MOBILIZARAM OS AGRESSORES

O suposto crime de estupro foi apurado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher e descartado. Ao que tudo indica, Elvis foi morto por causa de informações falsas espalhadas, inicialmente, pela mãe da menina, que rapidamente mobilizaram os agressores, segundo a delegada Alessandra Azalim, responsável pelo caso.

A delegada ressaltou, ainda, que a criança passou por exame de corpo delito posteriormente ao fato e não ficou constatado indícios de abuso sexual, apenas um arranhão no braço.

A criança, que está sob cuidado de familiares, será ouvida por meio de um depoimento especial, em nível judicial como antecipação de prova, segundo a delegada.

PESSOAS NÃO SABIAM O QUE O HOMEM TINHA FEITO

Já de acordo com a delegada responsável pela Delegacia Especializada de Homicídios, Camila Miller, alguns dos envolvidos disseram não saber exatamente o que o homem havia supostamente feito com a criança. A delegada alertou sobre os riscos da chamada ‘justiça com as próprias mãos’.

Os suspeitos foram indiciados por tortura e denunciados por homicídio qualificado, e tiveram as prisões preventivas decretadas pela Justiça.

FAMÍLIA PEDE JUSTIÇA

Desde a morte de Elvis, a família defende que o rapaz era inocente. Em entrevista à TV Integração, Maria Cecília da Silva, mãe dele, define o crime como algo monstruoso.

Eduardo Sávio, irmão da vítima, disse que Elvis era uma pessoa muito tranquila e brincalhona: “Isso que aconteceu foi uma brutalidade. Foi uma tortura, um crime hediondo, que não pode passar impune”.

Aparecida Maria da Silva, prima de Elvis, disse que ele estava indo para o pagode no momento em que foi abordado por um grupo. Mesmo diante da tragédia, a família clama por justiça e lamenta a perda de Elvis Cleiton da Silva Batista.

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