Homem registra em cartório doação do próprio corpo para pesquisas da universidade do Paraná: ‘Posso ajudar depois de morto’
Aparecido Rúbio de Araújo decidiu que gostaria de doar o corpo para estudos científicos ainda aos 14 anos. Entenda o que é necessário para isso.
Homem registra em cartório doação do próprio corpo para pesquisas na UEM
Homem registra em cartório doação do próprio corpo para pesquisas na UEM
Foi a vontade de incentivar a pesquisa que encorajou o técnico de enfermagem aposentado Aparecido Rúbio de Araújo, morador de Paiçandu, no norte do Paraná, a registrar em cartório o interesse em doar o próprio corpo para que ele seja usado para estudos científicos na Universidade Estadual de Maringá (UEM), na mesma região do estado.
O desejo surgiu durante uma aula de ciências, quando Aparecido tinha 14 anos. Hoje, ele tem 64.
> “Estava dissecando um sapo e algumas baratas. Conversando com o professor, ele explicando da finalidade, da dissecação… Perguntei para ele sobre o ser humano, como que eram feitos os trabalhos. Ele foi comentando comigo, só que fui perguntando para ele como faria para ser um uma pessoa para ser estudada”, lembra.
Os anos se passaram e a vontade continuou a mesma, porém, até então, não existia uma forma legal para oficializar a doação.
Foi em 2000 que Aparecido conseguiu registrar em cartório o desejo. Ele informou também à própria família, como exige o protocolo.
> “Se é uma decisão dele, eu simplesmente tenho que respeitar. O seu amanhã só a Deus pertence. Se é para estudar, para ajudar, eu acho interessante. É diferente? É, mas a gente entende”, afirma a esposa dele, Silvana Rúbio.
Aparecido segurando o documento registrado em cartório para doação do corpo. — Foto: Reprodução/RPC Maringá
Na mesma época, quando tinha 39 anos, Aparecido sofreu o primeiro de uma série de 13 infartos. Depois, teve dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) e ficou dois meses em coma profundo.
Quando morrer, o histórico de prontuários e exames médicos serão entregues à universidade. “Para que ser enterrado se eu posso ajudar depois de morto?”, ele considera.
O número de pessoas que registram o interesse de doar o próprio corpo para a ciência aumentou no Brasil. Em 2017, eram aproximadamente mil pessoas. Em 2024, o número ultrapassou os três mil doadores. Leia abaixo os detalhes sobre o processo de doação.
As doações são posicionadas em uma fila e as instituições são atendidas à medida que corpos ficam disponíveis. Atualmente, no Paraná, 40 instituições aguardam por doações.
‘ENORME DIFERENÇA’
Para Aline Marosti, professora de anatomia da UEM, o gesto é de extrema importância para a ciência e para os estudantes.
> “Isso faz uma enorme diferença na formação do aluno. Só aprender por peças sintéticas ou arquivos em 3D não é suficiente para a gente formar um bom profissional mais para frente. Por isso que é importante a doação”, reforça.
Depois que um corpo é doado para a instituição de ensino, ele passa por um processo de preparação que pode durar mais de seis meses. A dissecação é feita pelos próprios estudantes de medicina, ainda no primeiro ano do curso.
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