Suspeito de promover campanha de ódio e de ameaçar Maria da Penha é alvo de operação do MPCE
Homem usava o perfil nas redes sociais para atacar a farmacêutica e chegou a ir à antiga residência onde a cearense sofreu a tentativa de homicídio.
Maria da Penha, ativista e farmacêutica cearense que deu nome à Lei Maria da Penha — Foto: Divulgação/Instituto Maria da Penha
Um homem suspeito de promover ameaças e campanha de ódio contra a farmacêutica Maria da Penha através das redes sociais foi alvo de uma operação deflagrada pelo Ministério Público do Ceará no último sábado (14).
Conforme o Ministério Público, durante a operação “Echo Chamber” foram cumpridos mandados de busca e apreensão na residência de um dos principais investigados no estado do Espírito Santo e, também, num evento voltado ao público masculino em que o alvo participava no Rio de Janeiro.
Na ocasião, foram apreendidos equipamentos eletrônicos que serão analisados. A identidade do homem não foi revelada.
A Justiça determinou, ainda, a suspensão do perfil do suspeito na plataforma Instagram pelo período de 90 dias; a proibição dele se aproximar ou manter contato, pessoalmente ou por pessoa interposta, com Maria da Penha e suas filhas, bem como de se aproximar das residências delas; como também o impedimento de se ausentar da comarca onde reside, por mais de sete dias, sem autorização judicial, assim como do país.
No primeiro semestre de 2024, Maria da Penha passou a sofrer uma série de ataques de membros da extrema-direita e dos chamados “red pills” e “masculinistas”, que se reúnem em comunidades digitais para disseminar o ódio às mulheres.
Segundo as investigações realizadas pelo Ministério Público, a campanha atinge diretamente a honra de Maria da Penha, com conteúdo ofensivo e de natureza caluniosa, consistindo em possíveis delitos de intimidação sistemática virtual (“cyberbullying”), perseguição (“stalking”/”cyberstalking”), ameaça, dentre outros.
O órgão identificou um perfil com vários seguidores que produz conteúdos de natureza misógina (ódio, desprezo ou preconceito contra mulheres ou meninas), deturpando informações e atacando a farmacêutica Maria da Penha.
De acordo com a apuração do MP, os riscos potenciais não se limitaram às redes sociais. O principal investigado do caso foi até a antiga residência de Maria da Pena, no Bairro Papicu, em Fortaleza, onde ela sofreu tentativa de homicídio em 1983.
O nome da operação, “Echo Chamber” (Câmara de Eco), se refere a um termo usado para descrever um ambiente em que as pessoas são expostas a informações ou ideias que reforçam suas próprias crenças, sem entrarem em contato com opiniões divergentes. No contexto deste caso, o discurso do investigado contribuiu para a propagação de uma distorção dos fatos dentro de um grupo de seguidores, criando um ciclo fechado de informações.