Diante da severa crise hídrica que afeta o Brasil, o governo está considerando a volta do horário de verão, uma medida que foi suspensa em 2019. A seca recorde e a necessidade de gerenciar a demanda de energia elétrica têm levado os especialistas e o Ministério de Minas e Energia a avaliar a eficácia e os impactos dessa política.
A possibilidade de o horário de verão voltar em novembro de 2024 é real, dependendo do cenário de estiagem no país. O ministro Alexandre Silveira mencionou que a decisão será tomada se o quadro de seca não melhorar nos próximos dias. O ONS já recomendou que a volta do horário de verão seja “prudente e viável”, considerando o planejamento para os anos de 2025 e 2026.
“O horário de verão é uma possibilidade real, essa decisão não está tomada, mas eu me reuni com as empresas aéreas, já é público que se não houver nada que possa mudar o atual quadro nos próximos dias, a necessidade do horário de verão para o mês de novembro pode se tornar uma realidade muito premente”, disse Silveira.
O ministro já havia ressaltado antes a importância da medida para garantir energia no chamado “horário de ponta”, das 18h às 20h. A alteração no horário é vista como uma forma de tirar a pressão do período elétrico durante alguns meses.
Além de Silveira, a decisão também é considerada positiva pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que avalia a decisão como uma “boa alternativa”. A decisão definitiva para o retorno do horário de verão deve ser avaliada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Horário de verão
O governo está considerando a volta do horário de verão principalmente devido à crise hídrica que o país enfrenta. Com os reservatórios das usinas hidrelétricas em níveis críticos, a redução da produção de energia hidrelétrica é uma grande preocupação. O horário de verão visa aproveitar a luz natural por mais tempo, reduzindo a necessidade de iluminação artificial, especialmente nos horários de pico de consumo, quando as pessoas chegam em casa do trabalho e utilizam aparelhos como ar-condicionado e ventiladores.
A eficácia do horário de verão em economizar energia é um tema de debate. Estudos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicam que a economia de energia com o horário de verão é relativamente baixa, chegando no máximo a 0,5% do consumo total de energia. No entanto, especialistas como Claudio Sales, presidente do Instituto Acende Brasil, argumentam que o horário de verão pode oferecer uma pequena ajuda no início da noite, quando as fontes de energia solar e eólica decaem.
A implementação do horário de verão traz implicações significativas na rotina dos brasileiros. Além de ter que se adaptar a um novo horário, as pessoas que acordam cedo podem se ver obrigadas a sair de casa no escuro, e aquelas que demoram a se adaptar ao relógio adiantado podem enfrentar inconvenientes. Medidas educativas para economizar energia são consideradas por alguns especialistas como mais eficientes e menos disruptivas do que a implementação do horário de verão.
As implicações econômicas da volta do horário de verão são um fator crucial na decisão do governo. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou que a medida deve ser analisada sob diversos aspectos, incluindo os índices pluviométricos e os aspectos econômicos. A redução do despacho de usinas térmicas nos horários de pico pode baratear a conta de luz, mas a decisão também precisa considerar o impacto na vida das pessoas e em setores econômicos como o turismo e bares e restaurantes.