Hospital de Clínicas recebe doses de antídoto para metanol: o que fazer em caso de intoxicação?

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Fompeziol: HC da Unicamp recebe 98 frascos de antídoto contra o metanol

Substância foi enviada ao CIATox e deve ser usada conforme norma técnica do Ministério da Saúde.

Cartilha mostra como identificar bebidas falsificadas

O Hospital de Clínicas Unicamp recebeu nesta sexta-feira (11) 98 frascos de fomepizol, antídoto para tratar casos de intoxicação por metanol. A substância foi encaminhada ao Centro de Informações Toxicológicas (CIATox) e deve ser usada conforme a nota técnica do Ministério da Saúde (veja abaixo).

Ao todo, duas mil doses de fomepizol chegaram ao Brasil na quinta-feira (9) e estão sendo distribuídas aos estados que registraram casos suspeitos. Em São Paulo, 288 unidades serão destinadas a diferentes hospitais públicos. De acordo com a pasta, o etanol também continuará sendo usado.

QUANDO O FOMEPIZOL SERÁ USADO

O fomepizol será aplicado apenas sob acompanhamento médico, seguindo a norma técnica do Ministério da Saúde, e não será vendido nas farmácias. A norma determina a prescrição para pacientes que chegarem aos serviços de saúde nas seguintes condições:

– com sintomas de intoxicação;
– que tenham ingerido destilados no intervalo entre 6 e 72h;
– que apresentarem alterações em dois exames laboratoriais;
– com os requisitos, não será necessário esperar pela confirmação do consumo de metanol.

Entenda: o fomepizol atua bloqueando a enzima álcool desidrogenase, responsável por transformar o metanol em substâncias altamente tóxicas ao organismo, como o formaldeído e o ácido fórmico.

O protocolo inclui uma dose de ataque, seguida por doses menores a cada 12 horas, totalizando quatro aplicações principais. A melhora costuma ocorrer dentro de 48 horas, conforme o organismo elimina o metanol. Em casos graves, o tratamento pode ser combinado com diálise para acelerar a eliminação da substância.

CIATOX FAZ A TESTAGEM DE CASOS SUSPEITOS

O CIATox é um dos principais centros de testagem dos casos suspeitos de intoxicação por metanol. Na quarta-feira, a unidade informou que as 75 amostras de pacientes com suspeita de intoxicação por metanol, recebidas na quarta-feira (8), deram negativo. O CIATox vem realizando a testagem desde que os primeiros casos vieram a público. Na terça-feira (7), a superintendente do Hospital de Clínicas da Unicamp, Elaine Cristina de Ataíde, detalhou que a capacidade de análise dos casos foi ampliada, com cerca de oito exames por hora.

Além do CIATox de Campinas, o de Ribeirão Preto (SP) também tem capacidade para realizar cerca de 20 exames por dia.

UNICAMP RECEBEU DOSES DE ETANOL PARA TRATAMENTO

Na terça, o HC da Unicamp recebeu 100 ampolas de etanol farmacêutico, usado como antídoto para tratar casos de intoxicação por metanol. Também chamado de álcool absoluto, ele funciona como alternativa ao fomepizol, que é considerado tratamento de referência internacional, mas que não está disponível no mercado brasileiro. A substância age como antídoto, porque impede que o metanol seja convertido em ácido fórmico, uma substância ainda mais perigosa. “Nós recebemos 100 dessas ampolas. Cada ampola de álcool absoluto tem 10 ml. O estado de São Paulo disponibilizou 100 e estará disponibilizando mais se necessário”, comentou Elaine.

LEIA TAMBÉM:

– Perícia indica que metanol foi adicionado em parte de garrafas apreendidas em SP e não surgiu da destilação natural

CASOS DE INTOXICAÇÃO

Nesta sexta (10), o estado de São Paulo confirmou 25 casos de intoxicação por metanol no balanço divulgado pelo governo. Ao todo, há 160 casos ainda em investigação e 189 já descartados. Seis mortes também são investigadas. Também aumentou o total de análises clínicas concluídas: foram 189 resultados negativos desde o início da investigação. O governo do estado informou que o próximo balanço dos casos será divulgado na segunda-feira (13).

LINHAS DE INVESTIGAÇÃO

A Polícia de São Paulo trabalha com duas linhas principais de investigação sobre as bebidas “batizadas” com metanol. Uma delas é que o metanol teria sido usado para a higienização de garrafas reaproveitadas que acabaram não indo para a reciclagem, segundo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Outra hipótese é o uso do metanol para aumentar, na produção, o volume de bebidas falsificadas. Uma possibilidade é que a intenção do falsificador fosse adicionar etanol puro, sem saber que o produto estava contaminado com metanol. A perícia feita pela Superintendência de Polícia Técnico-Científica confirmou a presença de metanol em bebidas de duas distribuidoras no estado.

QUAIS BEBIDAS ESTÃO SENDO ‘BATIZADAS’ COM METANOL?

Os casos de intoxicação por metanol identificados até agora envolvem bebidas destiladas, como vodca e gin. No entanto, especialistas reforçam que, neste momento, nenhuma bebida pode ser considerada totalmente segura. O risco maior, porém, está nos destilados, especialmente os incolores. De acordo com médicos ouvidos pelo g1, cerveja, vinho e chope apresentam menor vulnerabilidade à adulteração com metanol, principalmente pela forma de produção e envase. A cerveja em lata é apontada como a opção de menor risco, já que o recipiente é mais difícil de ser adulterado.

COMO IDENTIFICAR METANOL NA BEBIDA?

Não é possível identificar a presença do metanol apenas olhando, cheirando ou provando a bebida. Ele não altera cor, odor ou sabor e só pode ser detectado por testes laboratoriais. Por isso, especialistas o chamam de “substância traiçoeira”. Autoridades recomendam que consumidores fiquem atentos a embalagens suspeitas (como lacres tortos ou rótulos mal impressos), desconfiem de preços muito baixos e sempre exijam nota fiscal.

A Abrasel, entidade que representa bares e restaurantes, orienta que garrafas vazias sejam inutilizadas para evitar que falsificadores as reutilizem. Autoridades orientam a população a: desconfiar de preços muito baixos; comprar apenas em locais conhecidos; verificar se as garrafas têm lacre e selo fiscal. Em caso de sintomas, a recomendação é procurar atendimento médico imediato e informar a origem da bebida para ajudar na investigação.

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