A Polícia Civil está investigando o Hospital Salgado Filho, localizado no Méier, por manter corpos em decomposição sem notificar as autoridades competentes. O delegado-titular da 23ª DP (Méier), Luiz Jorge Rodrigues, informou que casos de mortes não comunicadas estão sendo investigados desde o final de abril. Uma diligência foi realizada na unidade de saúde, onde foram encontrados vários corpos, incluindo alguns em estado avançado de decomposição, sendo um deles lá desde dezembro.
A investigação teve início após a delegacia receber um relatório do Instituto Médico-Legal (IML) da região, que apontava corpos em avançado estado de decomposição sendo encaminhados para perícia com longos intervalos de tempo entre a data da morte e o pedido formal de exame. A delegacia recebeu 10 comunicações de guias de corpos com atrasos na notificação à polícia, o que levou à abertura de uma investigação para apurar possíveis irregularidades nos procedimentos adotados.
Durante a diligência, o delegado constatou corpos em estado avançado de decomposição, com fungos, sendo um deles em estado avançado de putrefação desde 25 de dezembro do ano passado, sem comunicação prévia. Os cadáveres foram considerados em condições impróprias para perícia. São investigados os crimes de vilipêndio de cadáver e fraude processual, principalmente relacionados a mortes decorrentes de acidentes de trânsito e casos de pessoas desaparecidas.
O secretário de Saúde Daniel Soranz foi procurado para comentar sobre os corpos encontrados no Hospital Salgado Filho e afirmou que a informação de 10 ou mais corpos deixados no local não procede. Apenas dois corpos estariam no hospital, um aguardando identificação e outro esperando remoção para o Instituto Médico-Legal. A situação levantou questionamentos sobre a conduta do hospital em relação à gestão dos corpos e à comunicação de óbitos às autoridades competentes.
Essa investigação ressalta a importância da transparência nas instituições de saúde e na comunicação de ocorrências de mortes às autoridades. A conduta inadequada em relação aos corpos pode resultar em consequências graves, não só para a reputação da instituição, mas também para a elucidação de casos e a garantia de direitos das vítimas e seus familiares. A Polícia Civil seguirá apurando os fatos para esclarecer as circunstâncias das mortes e garantir a responsabilização dos envolvidos em possíveis irregularidades.