Antes da decisão de Alexandre de Moraes de decretar a perda do mandato da deputada Carla Zambelli (PL-SP), o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), comprometeu-se com ministros do STF a que a própria Casa cassaria a deputada, como relatou a colunista Malu Gaspar do Globo. Esta hipótese foi discutida em conversas privadas e levou Motta a incluir a cassação de Zambelli na pauta da mesma sessão em que avançou o processo contra Glauber Braga (PSOL-RJ).
A promessa de Motta embasou a decisão de levar o caso ao plenário após uma manobra na Comissão de Constituição e Justiça que aprovou a cassação. No entanto, a tentativa não obteve sucesso, já que na votação apenas 227 deputados apoiaram a cassação, 30 votos abaixo do necessário. A ausência de 69 parlamentares do PP, União Brasil, Republicanos, PSD e MDB, partidos que costumam apoiar o presidente da Câmara, foi notada.
A reação no STF foi imediata após o resultado da votação ser considerado inaceitável. Moraes anulou a decisão da Câmara, declarando a perda do mandato de Zambelli, apontando inconstitucionalidade, desrespeito aos princípios e desvio de finalidade. Essa medida se baseou no fato da parlamentar ter sido condenada criminalmente, com trânsito em julgado.
A avaliação crítica se espalhou no Centrão e no Supremo, com aliados de Arthur Lira criticando a condução de Hugo Motta. Em junho, Zambelli fugiu do Brasil para evitar a prisão por envolvimento na invasão hacker ao sistema do CNJ, sendo posteriormente presa em Roma. O Ministério Público italiano considera que a extradição preenche os requisitos legais, sem caráter político ou de cerceamento de defesa.
O procurador Erminio Carmelo Amelio destacou que Zambelli ordenou a invasão dos sistemas do CNJ de forma consciente, livre e voluntária. Além disso, Zambelli foi condenada pelo STF a cinco anos e três meses de prisão por porte de arma ilegal e constrangimento ilegal, após persegui um homem armado em São Paulo na véspera do segundo turno de 2022.




