Após uma sequência de desgastes políticos, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), convocou para a tarde desta segunda-feira (15/12) uma reunião do colégio de líderes. O encontro ocorre em meio a críticas à condução de pautas sensíveis levadas ao plenário de forma acelerada, sem articulação prévia com as bancadas. Na última semana, Motta enfrentou resistência de líderes após a inclusão, considerada por parte dos deputados como abrupta, de temas sensíveis politicamente. Entre eles, a proposta de anistia, reconfigurado para tratar só da dosimetria das penas dos condenados pelos atos de 8 de janeiro, e os processos de cassação dos mandatos de Glauber Braga (Psol-RJ) e Carla Zambelli (PL-SP). A proposta sobre dosimetria foi aprovada pelos deputados com 291 votos favoráveis e 148 contrários. Agora, o avanço do tema encontrou novos obstáculos no Senado. Em análise na Casa, o texto corre o risco de ficar para o próximo ano diante da resistência do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), senador Otto Alencar (PSD-BA). Paralelamente, outro projeto que deve voltar à mesa é o chamado PL antifacção. O projeto já foi aprovado pelos deputados, mas sofreu alterações no Senado e, por isso, retorna à Câmara. Na primeira tramitação entre os deputados, a proposta teve um percurso marcado por conflitos entre governo e oposição, com a relatoria do deputado Guilherme Derrite (PP-SP). Na última semana, o Senado aprovou uma nova versão do texto que endurece as penas para crimes ligados ao crime organizado. A proposta amplia as punições para delitos cometidos por facções criminosas ou milícias e inclui a cobrança de contribuições das empresas de apostas (as chamadas bets) para o Fundo Nacional de Segurança Pública. Os líderes também devem debater a situação dos mandatos dos deputados Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ambos enfrentam problemas na Justiça brasileira e estão hoje nos Estados Unidos. Motta avalia se a definição sobre o futuro dos parlamentares ocorrerá no âmbito da Mesa Diretora ou será levada ao plenário, como havia sinalizado inicialmente. Toda essa movimentação ocorre na reta final do ano legislativo, às vésperas do recesso parlamentar, quando deputados e senadores correm para destravar pautas pendentes. Entre as prioridades, o Orçamento de 2026 é um dos pontos ainda em aberto, com expectativa de votação em sessão conjunta nesta quinta-feira (18/12). O recesso parlamentar começa oficialmente em 23 de dezembro. Em 2026, o ritmo do Congresso tende a ser ainda mais reduzido em razão das eleições de outubro, que tradicionalmente esvaziam a agenda legislativa a partir do segundo semestre.



