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HUGOL esclarece a situação de maus-tratos infantil

Última atualização 13/06/2018 | 16:48

A gravidade da situação é mais complexa do que as estatísticas gerais apresentam, pois, em muitos casos, a agressão é um fato velado, envolvendo fatores socioculturais, praticada dentro do próprio lar e encoberta por familiares.
 Os maus-tratos à criança podem ser considerados uma das mais preocupantes mazelas da sociedade moderna. O HUGOL – Hospital Estadual de Urgências da Região Noroeste de Goiânia Governador Otávio Lage de Siqueira, unidade da SES – Governo de Goiás, recebeu, entre julho de 2015 e dezembro de 2017, 9,6 mil crianças de 0 a 12 anos, vítimas de traumas de média e alta complexidade, parte deles resultantes de violência. É necessário entender como essas situações de agressão podem ocorrer e suas ramificações, a fim de detectá-las e prevenir consequências graves.
 A violência infantil atinge todas as camadas sociais e, embora esteja mais evidente nas classes mais humildes, é um problema intrínseco em toda a população. De acordo com o supervisor médico da Pediatria do HUGOL, Elísio de Castro, um ato de agressão, nesse caso, pode ser definido como “qualquer ação ou omissão, realizada pelo indivíduo ou grupo, que ocasione dano emocional, físico ou moral”.
 O hospital, sendo referência em traumatologia pediátrica, recebe casos envolvendo abuso físico, como espancamento ou ataque sexual, que normalmente vêm acompanhados de um trauma psicológico. Entretanto, além de formas explícitas, existe um tipo de agressão muito mais frequente, como explica Roberta Debesaitis, enfermeira do Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar da unidade: “A negligência é a forma mais habitual de violência na infância, chegando a impressionar pela recorrência. Menores que sofrem traumas frequentes em acidentes de trânsito, pelo fato de os pais não possuírem a cadeirinha no automóvel, são um exemplo”.
 A gravidade da situação é mais complexa do que as estatísticas gerais apresentam, pois, em muitos casos, a agressão é um fato velado, envolvendo fatores socioculturais, praticada dentro do próprio lar e encoberta por familiares. “A quantidade e a magnitude dos abusos é preocupante. Em muitos casos, eles são aplicados como método de educação, pois os praticantes do ato, que também sofreram agressão a vida inteira, já internalizaram a ação como algo normal”, explicou o pediatra.
 O HUGOL segue uma triagem rigorosa para determinar se o paciente sofreu algum caso de agressão infantil, que já começa no atendimento inicial. Caso haja uma suspeita de agressão, esse colaborador realiza uma sondagem mais profunda, chegando a comparar os fatos relatados pela família com as sequelas do paciente. Nos casos de suspeita ou confirmação de que houve uma agressão de qualquer tipo, ou negligência, o serviço social da unidade é acionado e realiza também uma investigação minuciosa de todo o cenário. Diante da suspeita ou da confirmação de violência, o conselho tutelar é notificado e, nos casos mais extremos, a Delegacia de Polícia da Criança e Adolescente – DPCA também é acionada.
 É de suma importância que o profissional da área de saúde esteja preparado para reconhecer o cenário de maus-tratos já no primeiro atendimento e que haja o esforço conjunto de uma equipe multidisciplinar para se identificar a real extensão do problema. A responsabilidade deve ser compartilhada, sendo necessária a conscientização de toda a sociedade. Qualquer pessoa, até mesmo a vítima, pode realizar uma notificação diretamente à polícia, ao conselho tutelar ou por meio do Disque 100, um serviço de denúncia e proteção contra violações de direitos humanos, funcionando 24 horas, todos os dias. Somente se as autoridades responsáveis forem notificadas será possível conceder um acompanhamento mais apropriado à criança e sua família.