“Hypenia Macrantha: A planta que utiliza ‘bomba de pólen’ na competição por polinização”

Um estudo recente revelou que uma planta em particular, a Hypenia macrantha, utiliza um mecanismo de “bomba de pólen” para se destacar no processo de polinização por beija-flores. Esse comportamento é considerado um dos raros casos de competição masculina no reino vegetal. O mecanismo não apenas deposita pólen no bico dos beija-flores, mas também remove grãos de rivais que possam estar aderidos. A partir disso, a planta garante que seu próprio pólen seja priorizado.

Por não possuírem capacidade de locomoção, as plantas dependem de polinizadores, como borboletas, abelhas e beija-flores, para transportar o pólen de uma flor para outra. No entanto, algumas plantas, como a Hypenia macrantha, desenvolveram estratégias únicas para garantir o sucesso reprodutivo. Originária do Cerrado brasileiro, essa espécie usa sua “bomba de pólen” para competir no bico dos beija-flores, substituindo o pólen de outras flores pelo seu próprio.

O estudo sobre esse comportamento intrigante foi liderado pelo botânico Vinícius Brito, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Ele explica que o pólen da H. macrantha é lançado por meio de um mecanismo floral que se assemelha a uma catapulta. Ao ser acionada pelo toque do beija-flor, essa estrutura dispara o pólen com grande velocidade, removendo boa parte dos grãos aderidos ao bico do polinizador. Esse fenômeno é considerado um exemplo incomum de competição masculina no reino vegetal.

A eficácia do sistema de remoção de pólen foi comprovada pelos pesquisadores por meio da coloração dos grãos com pontos quânticos, nanopartículas que brilham sob luz ultravioleta. Utilizando um crânio de beija-flor, eles conseguiram depositar o pólen colorido no bico e contar quantos grãos ficaram presos após a “explosão” da planta. Em média, 40% do pólen foi removido do bico, chegando até 75% em certas circunstâncias.

Além disso, observou-se que após a erupção, novos grãos de pólen ficavam aderidos no bico do beija-flor, garantindo a efetividade da estratégia de competição da Hypenia macrantha. A velocidade da erupção foi medida em 2,62 metros por segundo, equivalente a 9,5 quilômetros por hora, tornando esse processo um dos mais rápidos entre as plantas estudadas. Esse estudo demonstrou um mecanismo único de competição e adaptação das plantas para garantir sua reprodução.

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