Última atualização 01/10/2018 | 15:00
A imagem de uma vovó fazendo crochê ou um vovô lendo jornal sentados numa cadeira de balanço na varanda está cada vez mais distante da nossa realidade. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 15 milhões de idosos no Brasil, 4,5 milhões estão adiando sua aposentadoria e dando continuidade no mercado de trabalho.
Dados de um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do IBGE, divulgada em junho deste ano, também mostra essa relidade. De acordo com o estudo, em 2012, 6,3% dos trabalhadores formais eram idosos, em 2018, este percentual saltou para 7,8%.
Segundo a análise do Ipea, esse crescimento reflete, em parte, uma tendência dos últimos anos de envelhecimento da população brasileira, que conforme o IBGE ganhou 4,8 milhões de idosos entre 2012 e 2017. Ainda segundo o instituto, até 2030, o grupo de idosos com 60 ou mais anos será maior do que o de crianças com até 14 anos, fazendo com que o Brasil tenha uma população majoritariamente da terceira idade. Outro aspecto é a mudança de comportamento das pessoas nessa faixa etária, que além de uma maior longevidade, estão vivendo com mais qualidade de vida e por isso são mais ativas do que em tempos passados.
Programas de incentivo ao idoso
Em apoio a este mercado com o perfil da terceira idade, formado por uma mão de obra experiente e altamente engajada na busca de novos desafios profissionais, são criados programas de apoio. Um exemplo, é o Programa Veteranos, criado pela a URBS RT Lançamentos Imobiliário há três anos.
Por meio da iniciativa, a empresa recruta e capacita idosos. De acordo com Ricardo Teixeira, diretor da empresa, o programa veio trazer oportunidades para a terceira idade e “agregar o conhecimento, a sabedoria e experiência de vida desse público às equipes de vendas da URBS RT”.
Zilma Mourão dos Santos, 78 anos, é uma das 12 integrantes da última edição do Programa Veteranos. Na empresa há 6 meses e há 10 anos no mercado de imóveis, ela destaca que nunca parou de trabalhar e que nem pensa nisso no momento. “Não posso parar de trabalhar. Vou parar pra que? Pra ficar em casa entrevada, reclamando da vida e sentindo dores? De jeito nenhum. Quero ter um motivo para acordar, ter compromissos para cumprir, clientes para visitar. Trabalhar me faz sentir viva”, diz a corretora de imóveis.
Para Teixeira “Muitas vezes o conhecimento técnico, por si só, é vazio. A experiência de vida, a calma e a sabedoria dos mais velhos trazem novas abordagens e novas oportunidades de negócios”, afirma ao explicar que os mais experientes costumam apresentar bons resultados, principalmente relacionado a decisões com tempo e feeling.